quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sobre Milagres e Sinais




SEntiu como se o coração tivesse parado, ou pior, tivesse fugido do peito que o sufocava.
Faltava Metade sem o seu Escudo de DAvi pendurado. Como um estandarte numa torre longa de marfim, assim seu colar com o escudo lhe enfeitava o pescoço de bailarina.

Para os demais, Era apenas um detalhe . MAs sem dúvida naquele instante aquele era seu maior pesar...a ausência de.
Não é dizer que acreditava em SInais como uma pessoa mística diria.
Mas era preciso dizer que Acreditava em Deus.
Acreditava que a Sua palavra era VIva e Eficaz.... que falava conosco à todo momento. E o problema era que não somos capazes de OuVIR Sua Voz.

Acreditava que quando o coração se cala e só respira, bem devagar, quando quase se pode tocar o espírito e alma quebrantada suspira, É quase AUDÍVEL o SOm da VOz dEle, dentro do próprio peito.

É assim que O escutava chamar SEu Nome tantas e tantas vezes.
Acreditava também que Ele algumas vezes movia as pessoas e circunstâncias para nos dizer algo, ou PRovar algo.
Testificar , diria um religioso.
E foi assim movida por esta curiosidade de "saber"a verdade.
E desfazer intrincados Nós.
De entender/ responder às perguntas que justificariam, mesmo sabendo que aquilo lhe magoaria de morte. Ela abriu aquele baú, retirou de lá toda sujeira.
Aquela coisa sem valor.
Aquilo que talvez prendesse ainda de certa forma a vida dele.

ACreditava nestes ritos de passagem, como prática e herança sua.
Retiraria toda poeira.. Iluminou cada cantinho com sua vela.. e limpou aquela casa.

Claro novas perguntas surgiram. E o modo como aquilo lhe Agrediu.
Talvez não conseguisse superar assim. Talvez não pudesse mais.
O Tempo inteiro, voltava na memória tudo aquilo.E A fez sentir tão pequena.
E o seu coração Partiu.

E ela chorou.
Chorou arrastando as malas pelo caminho. Ainda assim oferecia perfume à quem passava.
Ajudou quem lhe pediu ajuda.
A viagem seria longa.

Quando encontrou seu lugar... do seu lado direito, sentou uma senhora. O rosto marcava a expressão bem forte dela.... os olhos azuis.
Ela perguntou dos horários, preocupada. E disse que voltava do hospital, que visitou sua neta.
E puxando assunto.. dizia sobre a correria do seu dia... mencionava a neta.
E por mais que a menina quisesse ficar em silêncio não podia.Perguntou sobre a história da neta.

Foi quando percebeu que aquilo era um recado, e que ela precisava ouvir. Saber!!
DA História da Tainá.
A neta de 27 anos daquela senhora, que tinha uma doença rara e que não era diagnosticada.
A menina que tinha ânsia de viver.. e Lutava para viver.
A segundo a avó, que  olhava pra ela com certa dor, dizendo o quanto era parecida com a própria neta. Loira,olhos claros, pele bem branquinha. A mesma idade.

A senhora contou que sua neta dizia de si com toda Fé e CErteza.. que ela já era o Milagre.

Não havia tratamento pra menina.
Não Havia quimioterapia venosa. A última esperança agora vinha de um medicamento teste EM comprimidos.
Tainá  já havia perdido um órgão vital. E agora mais outro apresentava metástase.
E ainda assim... TAiná acreditava na VIda.
Dizia que Já era o Milagre. EStar Viva até ali. Apesar de tudo.
Depois de ouvir tudo, não sabia o que dizer.
Ela deixou rolar uma lágrima tímida. E ficou bem quieta.

Sabia que era pra ela.
ELa que passara por tudo isto.. e estava ali VIva. Ilesa.
E de repente tudo isto havia se tornado só uma página virada em sua vida, sem muito valor.
Mas era o seu Milagre.
ELa havia passado tudo aquilo.
EStava ali.
Não teve coragem de dizer pra senhora. Que existia esperança, não queria dizer que passara por tudo aquilo e estava ali ao seu lado agora... porque Achou que Não MErecia!
Sentiu que não merecia estar ali.
MAs estava!

Logo a Senhora desceu do ônibus, ela continuou a viagem... Chovia, chovia lá fora.
ERA o Som da Chuva.
ERa  a lembrança da própria imagem no espelho.
Pensou no Milagre.
Pensou na Tainá.

Chorou e orou o resto do caminho... pedia pela menina. Que só queria passar as festas em casa, cercada da família.
A menina que era mais parecida com ela do que imaginava.
Já não sabia mais o que sentia por dentro!

Precisava VIver... Precisava...

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