sábado, 25 de setembro de 2010

Quem me compra um coração!??


De tanto andar sem rumo, esqueceu que tinha casa.
Esqueceu que tinha família... esqueceu que tinha irmãos, pais, tias, cachorro e passarinho.
... alguma coisa dentro dele estava quebrado.

Em que momento aquilo se quebrou?? Ninguém sabe !
Corria um boato solto , que um anjo chamado Solidão havia lhe roubado do peito o coração.

E ele seguia de boca em boca... de bar em bar.... de amigos ... de amigos... mas sempre sozinho.
Problema é que aquilo quebrado no peito, começou a lhe pesar.
Começou a doer... a inflamar...

E numa manhã qualquer , ele adoeceu.
De cama, desesperado, ele batia no peito... como se tentasse arrancar aquilo dali.
Sem ar, apertava os olhos, abria a boca..

Seu maior medo , era pensar na morte... e ali deitado sozinho no seu quarto, agonizando aquela dor ... acreditou que era sua hora.
Pensou, é agora!

E ainda que durante sua vida toda ele nunca tivesse sido capaz de decidir, naquele instante ele preferiu acreditar, que Deus existia... fechou os olhos ... e começou a chorar.... e pedia... por favor.. para que Deus o encontrasse.
Queria viver!!!
Precisava viver!!!

Nem conseguia traçar metas, ou justificar sua angústia com sonhos ainda não realizados...
... foi quando percebeu, que ele não tinha sonhos assim.... nem planos... nem "como era mesmo, o nome.???"... fez força pra lembrar....

Disto que não conseguia se quer dizer!

Aquela noite passou, e na manhã seguinte, de novo mais uma vez , aquela dor , aquela febre...
.. e na manhã seguinte e na outra e depois....

Estava doente!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

ACroSs tHe UnIVerSe.

"... gosto de imaginá-lo voando com suas grandes asas douradas, solto no espaço, em direção a todos os lugares que é lugar nenhum. Essa é sua natureza mais sutil, avessa às prisões..."


Ela nem sabia seu nome.... nem de onde ele viria... ou pra onde .. nada disto. Ela era menina... e daquela noite adiante passou a sonhar... 
Não sabia ao certo que caminho seguir.. através de  qual estrada deveria seguir... era tão menina... 


Quando aprendeu escrever seu nome... teve tanto anseio .. queria mais .. mais palavras.... queria ela mesma ler... o poema que sua mãe todas as noites lhe repetia... 


Queria ela mesma, escrever e contar histórias feito aquela... de lugares distantes, que ela conhecia de olhos fechados...


Tinha este desejo de escrever , mesmo menina, longas cartas.... 
longas cartas, contando do leilão de jardim, dos vagalumes, dos sonhos todos, da poeira de estrelas que invadia sua janela toda manhã... cintilando... dourado......   serenando , bem devagar!!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Junta Teus sonhos com o meu... segura minha mão...

Foi assim , amanheceu um dia azul , ensolarado.. 
... e tudo tinha aquela promessa de ser algo bonito, especial. 

O dia caiado de azul... iluminado feito ela só.
E foi ai que sentiu que estava melhor... parecia que tinha força... pensou em flores , nos seus cabelos, no seu caminho... nos vasos de sua casa.. 

Seus canteiros de Bálsamo .. de mirra... as angélicas delicadas penduradas em suas hastes de menina moça.
.... 
COrreu longe um pensamento de paz... qualquer coisa de conforto... 

"Junta seus sonhos com o meu. E assim a gente costura um céu estrelado."

Seguiu para o hospital, assim, respirando um sonho aqui.. uma vontade ali... 
... e de uma só vez, viu tudo isto fugir de suas mãos... 

Foi assim , de repente.... 
uma voz de cantinho, sorrateira, insistia... Que aquelo amor que tinha, seria pouco , acabaria!! Ele não suportaria!!

E talvez fosse necessário cuidado desmedido com a menina, que não tinha mais nada nas mãos.. 
Além de flores nos cabelos... além de pedacinho de estrela na palma das mãos.... 
FOi andando sozinha , sem saber ao certo o que faria... e quis chorar... feito menina que era... mas não podia.

ahhh quem repararia, pensou consigo, enquanto caía uma lágrima seguida de outra e mais outra... ela caminhava.

Acabaria assim. 
Quando buscou o ar, olhou pra cima, ... a lua bem alta.... o céu todo pontilhado... 
... ela indo embora... 

sábado, 18 de setembro de 2010

É de Vento tua Alma, eu sei!

"__ É de vento 
tua alma de menina,
eu sei.                                                                                                                                                                                                                                                                        
Passeia pelas ruas
brincando em redemoinhos,
balançando as árvores,
cantando no ouvido das pessoas....
eu sei... eu sei ...  por isto eu fiquei assim... vendo você cada vez mais longe... 
indo.. " 
......


É que algumas vezes, somos surpreendidos , aqui e ali... por ondas, por caminhos.. por criaturas aladas... repletas de encanto ... e A beleza depende apenas dos olhos de quem a procura...
E fazia um certo tempo, já tinha quase esquecido... daquela sensação livre... que caia devagar ... quando avançava entre as alamedas... 
Ia reparando nas cores... todas novas... aquele desbotado de antes ... era como mentira... que jamais se fez... 


O céu completamente rasgado de azul... enquanto respirava , se deu conta... de como tudo havia mudado... a gatinha da casa da esquina, já não estava mais lá...
E de poucas coisas , tinha certeza na vida.


Tinha força no caminhar... e fé no seu caminho... sabia! ainda que tudo estivesse escuro  ... ela cantaria...
Cantaria porque tinha amor no peito... porque iluminava o caminho... e se hora ou outra algo lhe doía... cantando ela seguia... sem esmurecer....


É alta noite
e tua alma rola na lua,
curiosa, travessa...
Salta de estrela em estrela
inquieta.
Dançando à vontade
onde mortais sentem vertigens.
Sem saber a quem pertence
ou aonde vai...
Sem forma fixa que limite
ou rosto no espelho...
É de vento 
tua alma de menina,
dá voltas pelo mundo 
sem saber que viver
é mais do que uma brincadeira...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

fRagiLe

"Frágil – 
você tem tanta vontade de chorar, 
tanta vontade de ir embora. 
Para que o protejam, 
para que sintam falta. 


Tanta vontade de viajar para bem longe,
 romper todos os laços, sem deixar endereço. 


Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. 
Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. 


Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse.


 Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar..." 

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mar e ilha , Setembro.

Foi numa madrugada destas de outono que ela nascera.
 Era páscoa E seu pai ainda noutro andar foi capaz de ouvir o choro dela. De algum jeito reconheceu a voz de sua filha que acabara de nascer.
A enfermeira a repousou nos braços da mãe achando graça, no choro da menina, que franzia a testa já com feições e expressões.
Ela imediatamente silenciou.
Assim que seu pai entrou no quarto e a viu, tirou do bolso um presente que se pensasse direito não poderia , mas o fez, uma jóia com o nome da menina, que ele já amava tanto.
A mãe desde este primeiro encontro, não a tirou dos braços mais... era um ciúmes sem tamanho.. que lhe amarrava a garganta ... apertava contra o peito..

Pra que se possa entender um pouco mais dela, da menina, é preciso contar sobre seus pais.
Porque algumas vezes, um amor que seria imposssível... Improvavel como um peixe que se apaixona por um pássaro... se faz real.... e este mesmo amor.. é daquele mesmo tipo, falado aqui... não cabe numa vida...
Ele explode; e quase isto mesmo aconteceu naquela manhã nublada numa praia qualquer...
... quando seu pai caminhando viu pela primeira vez a mãe da menina....
O vento forte, o dia cinza, a areia úmida... Foi assim que a tempestade se apaixonou pela montanha.
E assim ela nasceu.. a menina...

Nos seus cabelos e nos seus pés tinha ventania... Ela gostava de roda, de poesia pra poesia tecia suas histórias, e ensaiva seus passos.. pra vida que viria.
O sol se escondia e caia manso entre as ondas do cabelo... nas mãos sempre um perfume... Mas ela não tinha nome de flor.

Ainda muito menina  recostava no braço direito de seu pai pra dormir  e eles conversavam horas.. Acho que foi ele quem a ensinou a falar... ela não gostava muito .. mas um dia seu pai gravou tudo.. tudo tudo que eles diziam.. e fez uma surpresa...
Pegou o radinho... e tocou sua fita... aqueles olhos verdes sorriram sem entender... de quem era aquela voz iinha inhaa ... até sua mãe achou graça do susto da menina...
... Ela gostava de desenhar o que amava... pegava sua mão, e deslizava... pelo rosto de sua mãe... uma mão... depois a outra... ia desfazendo rugas... separando linhas... ela gosta mesmo era desenhar sorrisos...
TOda noite no braço do seu pai... um dia ele reparou... naquelas mãozinhas... e disse pra menina que ninguém, nem mesmo a chuva tinha mãos tão pequenas quanto as suas...

E a menina foi crescendo... entre o chão de terra batida.. do quintal ao chão muito vermelho encerado... muito encerado de sua mãe...
Era tudo encantado... de manhã... seres alados invadiam sua janela verde de folhas abertas... disfarçados de poeira... passavam todos , um à um por ela.. lhe beijavam a face... serenavam nos cabelos...
E o entardecer ... sempre chamava seu nome... corria pra fora... o sol caindo devagar à se despedir...
... e vagalumes queridos... de repente... assim.... pipocavam... reluziam...

Antes de qualquer estrela.. antes mesmo de seus pais... É que eles precisavam garantir que a menina estava segura... foi seu pai ... foi ele quem mandou...

Ela gostava de ficar ali... esperando... Enquanto esperava .. sonhava.. e enquanto sonhava ..conversava...
... com o limoeiro.. com o que via quando olhava pra cima...
Um dia ela , a menina se enamorou de um destes vagalumes... e saiu quintal a fora.. pisando pedras... tentando seguir aquela pequena luz... até que o pirilampo cansado da brincadeira foi ao encontro da menina...

Ele pousou suave... ela o repouso entre as suas mãos, com cuidado ela nem conseguiu fechar a palma da mão mt pequena... ela colocou uma sobre a outra.. e entrou ... abriu um lugar na sua gaveta de coisas bonita... colocou o bichinho ali... pra ele dormir... uma tampinha qualquer com água... e ficou matutando, o quê um vagalume gosta de comer?? ...

Quem sabe!!?

Naquela noite ela adormeceu cedo, de manhã quando correu e abriu sua gaveta... o bichinho estava lá, morto.
Os ombro pesaram e ela escorregou até o chão, ficou ali parada bem quietinha... pensando no que tinha feito... que horror ... ficou ali parada.
O coração pulava... pulava... até que sua mãe a encontrou... pegou a menina pela mão... e lhe falou:

_ Não fique triste!! FOi por amor!! Olha, Ventania, ele podia ter ido embora... ele podia ter escalado esta roupinha... e esta e esta pra ir embora... mas ele não foi!! _

Mesmo assim , os olhos da menina ficaram presos no chão. Ahh não gostava que ninguém a visse chorar...
Aquela tarde ela sentou no último degrau da porta de entrada de sua casa... e chorou.
Ela olhou bem pra cima e chorou... tão sentida.. que não percebeu quando foi o sol embora... quando a noite caiu...
... ela percebeu aquele silêncio todo ... que vivia... e fez frio... ela sentiu nos pézinhos descalços... nos braços... no nariz...
o céu estava todo nublado.. achou que era chuva... mas a chuva não veio... foi então , assim... de supetão...

Ela se levantou , e foi então que começou a chover ..... pedaçinhos e pedacinhos  minúsculos... tão pequenos  quanto suas mãos ... de papel....

Ela esticou os braços... abriu a palma das mãos... pegou os pedaçinhos que pôde... e entrou sorrindo.
Os guardou naquela gaveta... numa caixinha.... Achou mesmo que era seu .... aquela poeira... vinda sabe-se lá....