domingo, 28 de dezembro de 2014

Entre Sorrisos...

A cidade deseja ser diferente,
Escapar às suas fatalidades.
Enche-se de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões que não sobem, anjos e santos que não se movem, estrelas que jamais estiveram no céu.
As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano inteiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão de vidro, fios de ouro e prata, cetins, luzes, todas as coisas que possam representar beleza e excelência.
Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em pobres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil e poucos anos, num abrigo de animais, em Belém.
Todos vamos comprar presentes para os amigos e parentes, grandes e pequenos, e gastaremos, nessa dedicação sublime, até o último centavo, o que hoje em dia quer dizer a última nota de real, pois, na loucura do regozijo unânime, nem um prendedor de roupa na corda pode custar menos do que isso.


Grandes e pequenos, parentes e amigos são todos de gosto bizarro e extremamente suscetíveis. Também eles conhecem todas as lojas e seus preços — e, nestes dias, a arte de comprar se reveste de exigências particularmente difíceis.
Não poderemos adquirir a primeira coisa que se ofereça à nossa vista: seria uma vulgaridade.

Teremos de descobrir o imprevisto, o incognoscível, o transcendente.
Não devemos também oferecer nada de essencialmente necessário ou útil, pois a graça destes presentes parece consistir na sua desnecessidade e inutilidade.

Ninguém oferecerá, por exemplo, um quilo (ou mesmo um saco) de arroz ou feijão para a insidiosa fome que se alastra por estes nossos campos de batalha; ninguém ousará comprar uma boa caixa de sabonetes desodorantes para o suor da testa com que — especialmente neste verão — teremos de conquistar o pão de cada dia. Não: presente é presente, isto é, um objeto extremamente raro e caro, que não sirva a bem dizer para coisa alguma.

Por isso é que os lojistas, num louvável esforço de imaginação, organizam suas sugestões para os compradores, valendo-se de recursos que são a própria imagem da ilusão. Numa grande caixa de plástico transparente (que não serve para nada), repleta de fitas de papel celofane (que para nada servem), coloca-se um sabonete em forma de flor (que nem se possa guardar como flor nem usar como sabonete), e cobra-se pelo adorável conjunto o preço de uma cesta de rosas. Todos ficamos extremamente felizes!
São as cestinhas forradas de seda, as caixas transparentes os estojos, os papéis de embrulho com desenhos inesperados, os barbantes, atilhos, fitas, o que na verdade oferecemos aos parentes e amigos.
Pagamos por essa graça delicada da ilusão.

E logo tudo se esvai, por entre sorrisos e alegrias.

Durável — apenas o Meninozinho nas suas palhas, a olhar para este mundo.

* * * * * *              ***** * ** **       * **** ** * **** **
Por aqui aquela reflexão ... o inesperado natal.. avesso de compras.. sem presentes.. sem ceia...  Deu um outro sentido a data... e me lançou direto  no meio desta crise de Final de Ano.
Você começa analisar a vida, pensar no que pretende... Contabilizar tudo.
Colocar na balança.
Erros, acertos, perdas e ganhos.
Aprendizado. Resoluções.
O que vale a pena manter... arrastar pela vida.. e pelos dias que virão.
O que é melhor deixar passar por você.... e o que será jogado no lixo.

Algumas vezes é tão difícil desfazer de certos pertences..

Pois bem... mais um ano!
Mais um ano se foi... mais um ano chegando com pressa..



domingo, 2 de novembro de 2014

Outubro

Era alguma coisa que lhe roubava o sono.. não a calma... depois de tantos sustos... ver a própria vida  em risco não parecia grande coisa, ainda lhe dava coragem para fazer qualquer revindicação ..
.. Nada se comparava aquele outubro. Não este...

Não haveria susto, medo, desespero maior.. não para ela.,, do que aquela madrugada... naquele hospital...


Só era algo aproximado, quando pensava no risco de ter sua vida findada.. e não estar mais junto à ela. E perder os dias, as horas... os abraços.. os sorrisos.. tão meigos dela.
De não amparar a queda.. ou enxugar lágrimas ... ou de vestir de princesa e brincar de boneca!! Só pensava em sua filha desamparada.. longe dela...

Aí sim... o desespero e o medo.. do susto lhe alcançava.

Daquela manhã, algumas resoluções:
 a) Não começaria o dia sem dizer que amava os seus.
b) Levaria a vida com mais sutileza.
c)Viveria empenhada, dedicada em assegurar que sua filha estivesse num lugar calmo e seguro, mais alto .
 d) Agradeceria a Deus. Todos os dias. A cada manhã, a cada entardecer!!

A vida passa tão depressa.. apressada. E nos preocupamos demais.. corremos demais.. sofremos demais... brigamos demais...

.. e se parássemos pra pensar que tudo pode deixar de ser num segundo. Um instante.
Um piscar de olhos.

Como não acreditar em Deus.
Como não amá-Lo. .. exatamente pelo que Ele é.  Por seu amor.. e sua graça sem fim.

Eu acredito em milagres!!

Todos os dias!!

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Once Upon a DrEaM...

Era uma vez num sonho...

Sonhado para ser dois, flor de laranjeira no cabelo e na lapela.
Ali tinha um Chupá... passado, presente e futuro.. família, amigos... irmãos.
Era uma vez Benjamin.
ERa uma vez um sonho que  se desfez.

... Algumas vezes para sobreviver , precisamos esquecer aquilo que perdemos.

Não houve flor de laranjeira nos meus cabelos.
Mas, esta é a história da Raiz da RAiz.
Não só de " era uma vez.."

Mas é verdade que você é exatamente o sonho que eu sempre sonhei! Que foi você com quem sonhei!
E sim, amor verdadeiro existe.. Batizei minha poesia com teu nome!

Este é o segredo do segredo.. que ninguém sabe...  Aqui esta, Ana, a Raiz da Raiz,
a Semente da Semente,
o Céu do Céu...
..de uma árvore chamada ViDA.

Que cresce mais do que a alma  pode esperar!
É esse o milagre,
que mantém as estrelas presas lá no Céu!!!
Carrego o seu coração no meu coração
Nunca estou sem ele!!!!

Meu raio de Sol!!!

Para encontrar você, eu nasci e morri  por duas vezes!
Desenhei o dia com giz ,   pintei um céu aquarelado lilás para poder amanhecer com mais serenidade em mim... e,
Por muitas noites,
me debrucei em minha janela... a esperar.
Por muitas noites, escrevi páginas e páginas no meu diário...
Rabisquei poesias, sem saber ainda que nome lhes daria...
E se todos os passos que dei até hoje, desde os mais incertos, me levaram até aquele lugar do encontro... não me arrependo de nenhum deles.... Aprendi com eles a respirar com o vento e não só com o coração.
Cada pequeno detalhe, cada sinal, foi me ditando o caminho... foi assim... que cheguei até vocÊ.
Passando de estrela a estrela... de manhã a manhã...
.. Adestrei-me com o Vento... pra te encontrar!

Foi numa noite de outono, ainda menina, quando vi despencar do céu fagulhas de pirilampos... pousando sobre mim uma poeira fina... prateada.... enquanto eu rodopiava pelo jardim... sozinha à esperar.
Foi aquele soprar do vento... quem trouxe você pra mim...
... foi bem naquele instantes quando a saia azul do meu vestido desenhava o ar .... e eu pulava na pontinha dos pés, brincando de bailarina...  e você pousava suave sobre os meus cabelos...

No mistério do sem-fim equilibrava-se um planeta.
E no planeta um jardim e no jardim um canteiro e no canteiro uma violeta e sobre ela o dia inteiro entre o planeta e o sem-fim a asa de uma borboleta....

Foi assim que te amei...  antes mesmo de ter te conhecido.
FOi assim que te amei... quando soube.
Que te amei... como se já estivesse em meus braços!!!!

FOi assim... quando você nasceu!
Amada, Bem Vinda, Celebrada... Como você foi e é amada!!!!!!

"...ERa uma vez num sonho... uma menina que tinha uma passarinho azul!!!!! ..."
....

Chegará um tempo, filha, em que esta história será contada por você.. e nela.. eu serei o pássaro...  e são estas linhas, que hoje eu me esforço a construir para você!

Teremos tempo eu e você!! Teremos história encantada.. teremos princesas e fadas.. teremos história real !!
Teremos poesia!!!


quarta-feira, 16 de julho de 2014

A Pipa

De repente encheu se de paz.

Uma certeza cristalina.. translúcida .. de que tudo daria certo!
De que haveria Vida e Luz .. e resposta... e remédio para cada ferida...

Era algo dourado...imenso... adverso.
Que contradizia tudo a sua volta... as circunstâncias de si.
Vinha de lá... vinha d'Ele. Sabia!!!

Não. Não estaria só.
Respirou bem fundo... o mais fundo que pôde.
REspirou tão fundo... que até sentiu dor.

Olhou pro céu azul , mais azul de outono, ou seria inverno... nem sabia.....
.....Viu uma pipa, longe.. brincando, desenhando o ar.... rabiscando o céu...

Pegou papel e caneta... encarou a folha em branco...
Recebeu aquele abraço de esperança e ternura cheio.

Fez de conta que diante dela tinha uma amiga!!

E decidiu levar a vida com leveza.
Com a doçura que lhe era tão sua.
Que sempre a vestiu tão bem.

Porque sua vida tinha isto... estes momentos de altos e baixos... estas pedras que lhe trancavam o caminho...
Fantasmas que lhe perseguiam .... ressurgiam cheios de terceiras , quartas, quintas intenções..
MAS não  havia espaço.
O que existia dentro dela era sólido.

A quem buscava o seu mal .. pena e perdão... A quem faz o mal para si.. e para outros... pena e perdão.

Tudo aquilo que lhe pertencia ... que era seu .... encontrará uma forma de chegar até ela !!!
Sempre foi assim.. sua vida inteira!!
FOi algo que Deus lhe agraciou.. predestinou... por algum motivo, desde que nasceu.
Assim... atravessou , assim sobreviveu.. assim estava aqui...

E tudo aquilo que já não lhe servia jogava fora...

Simples assim.

A vida.. a vida é para ser vivida.
E o que não é a vida senão um tramado bem apertado de recomeços ... todos os dias !!???

Convicta do segredo imenso daquele céu azul.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Sobre Acidentes e Sonhos

Gostava  sempre de empregar propósitos...
Havia decidido a algum tempo...quando sua vida ainda andava de pernas pro ar... passar por cima desta data...
Decidiu que não falaria dela....
Que dormiria na noite véspera e acordaria dois dias depois!!! Assim!
Sozinha no mundo outra vez!

O dia depois de amanhã.

Mas olhava para si ..  lá estava! Para o resto da vida.. Sozinha no mundo.. na vida... na cidade adversa...
Cuidaria de si mesma ou morreria sem nenhum cuidado.
Cuidaria do seu próprio jardim... do seu pássaro raro, único Azul !

Havia sobrevivido sozinha... de um jeito ou te outro.Estava ali.. viva a respirar.
Tecendo novamente sonhos que ela reputou perdidos!!!
Verdade há de ser dita, era romântica incorrigível... destas que se recusam a Morrer, sem seu final feliz!

A dança era uma lembrança triste que a deixava dolorida. por dentro.. exauria o coração com astúcia...
.. Era assim , que ela sentia, justificava ... ressentida.... perdida.

Abriu as mãos do alto de sua janela.. e naquele instante.. entregou- se ao vento.
Como poeira... misturados..  a vida, o sangue, o caminho...

Não foi fácil, o coração não queria... relutava... chorava.. pedia.. implorava...

A VIda sempre quer VIver.

__Não! Vc vai ter que aprender!!    Vai ter que aprender!!!

Então Quando o ar foi abandonava  seu corpo... caiu de joelhos...
Prostrada, braços, mãos e coração.
E o vento foi levando tudo embora!

E desde então era isto.
A menina com uma uma flor nos cabelos, sozinha.
... seu caminho era só... E lutava!
... e qual seria o propósito então de sua vida!!???????????????
AInda não sabia!!

Pra que vivia???????????????????????
Porque ??

Insistia... Sabia disto!
Falava por falar... sabia porque vivia.. sabia do seu viver...

MAS Qual seria seu papel nesta história... só passaria, feito brisa... apenas isto???
Se recusava aceitar... até esta noite!

DAquela noite, a névoa... 
... A morte, a vida, a perda, a ressurreição. 

E tanto veio depois disto. Tanta história.

Hoje não foi capaz de deixar passar em branco.. de desfalecer adormecida.. como em conto de fada !
Hoje tudo era visceral... quase foi capaz de ver a mesma imagem refletida no espelho.. os mesmos olhos... o mesmo cabelo... 

Empalideceu. 

E viu finalmente que era chegada a hora.. e preparada estava .. para mais uma vez no lugar no holocausto.. depositar outro sonho! 
Não por desistência ... mas porque talvez este sonho tenha se tornado maior do que ela própria.

Porque estava distante do que realmente importava. 

E por mais escuro que o caminho a frente estivesse... Havia um pássaro azul no seu peito.. 
... não existia neste mundo ou em qualquer outro lugar coisa mais rara!

Tinha que ser hoje... não poderia ser amanhã ou depois... 

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Silver Linings

_ Ah por favor não fala nada! Você é polêmica demais - fez aquela pausa enfática no polêmica.Como se procurasse uma palavra que não ofendesse.

_Sou polêmica?!? - Revidei, um tanto era surpresa, outro tanto era tristeza, outro tanto era sei lá... qualquer coisa... menos a lembrança que tinha da letra do seu nome, da amizade de nós duas.
Me calei.
Ela não se retratou. Me calei.. e segui... boba... conduzindo.

Não.
Normalmente em divergências partidárias políticas sou taxada de direita... embora eu seja apartidária. Sou justa! Sou a favor do que é justo. De forma clara. De forma sincera.
Nunca fui a filha "polêmica". Fui a estudiosa.... aos 17 cursava o primeiro ano de Engenharia. No colégio discutia com os professores sobre o conteúdo programático.
E de tanto sofrer e apanhar.. aprendi me defender.

Como mãe.. sou tudo de melhor que consigo ser... vou além de  mim.. dos meus medos, limites... É o meu mais bonito... não tenho dúvida!

Na minha vida profissional... aprendi, ser igualmente Justa. Exata. Ponderada.
É verdade sou brava.
E Se existe uma coisa que me tira do sério é gente que humilha gente.. Principalmente gente que só sabe ser "grande" perto de quem julga ser de menor importância para ele. Mesmo porque, faz parte de um princípio meu... a vida é um círculo perfeito, e tudo tem volta!! Ah, tem!!!!! Uma hora tudo muda...
Sou exigente! Meticulosa. Sei do que falo e faço.
E quer saber...

Vivi um tanto de coisa.
COisa boa , coisa ruim... um tanto assim!!!!
E o mais triste.. é que boa parte, você esteve ao meu lado ( sonhei que sim )... quem imaginaria.... que dia feito este chegaria...

Então sou muitas coisas.
Tenho sempre muito a dizer.
Em mim há honestidade para aceitar quem sou e coragem o bastante para enfrentar um gigante..
.... eu saio todas as manhãs à sua caça, com duas pedras em minha funda!!!



quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sei lá o quÊ

"Há nela uma sede de infinito,
uma angústia constante que nem ela mesma compreende. Pois esta longe de ser uma pessimista; e é  antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada. 
Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade; sei lá de quê!" 

 Estou triste hoje.
Um num sei quê... que me joga pra baixo!!
Eu adulta, mãe, engenheira... ainda me deixo abater por coisas pequenas!
E como é ruim esta descoberta!!!

Olho pro documento aberto numa janela... olho pro relatório aberto na outra.. A tela dividida ! E meu pensamento longe.

Na estrada.
O caminho para cá me revigora... é linda a paisagem .. e hoje eu vi algo tão lindo!!!
Um cavalo... correndo... lindo.. ao vento sua crista!!
O que chamou minha atenção não a imponência dele.. correndo pelo campo verde.

MAs olhando pra ele me perdi.. sou capaz de jurar que senti seu coração bater!!!!
Pensei comigo: Liberdade!!!  Felicidade!!! Correr assim... ventania!!!

Segui meu caminho... mas o pensamento ficou lá atrás.
E ainda agora... a visão.
Não conseguiria terminar minhas tarefas... Das duas uma: Ou eu sairia porta a fora.. a correr desembestada ( quem dera pudesse!) ou me colocaria a escrever !

Eis me aqui.. a escrever!
Só fico pensando, "Quanta bobagem!"... "que boba, eu!"
Lembro da delicadeza, da poesia.. e respiro
Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
                                           * * * 
"... _Que coisa mais linda da Cora ..  -Que nome lindo, este Cora!! ..."

O pensamento não para! Impossível concentrar.. sem distorcer.. sem  ir pro lado.

E aqui estou, cantando, escrevendo.

Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.

Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes
andaram.

Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.

Pois aqui estou, cantando.

Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?

Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?

Não posso!?? Não poderia ?
Quem amaria isto?

Sozinha de tudo tudo que tinha na vida. Virei um nada!
 REluto, e resisto , como uma coisinha selvagem que não se deixa domar.
Me recuso a criar ilusões... a me encaixotar em padrões... Sou natural...
Se estou triste, estou, ponto final. Sim.. há dias de sol.. há dias nublados.. Tempestades violentas... garoa!

Este sorriso engessado que vejo nas fotos... a necessidade de auto afirmação, de demonstrar estar sempre bem.. que a vida é perfeita.. que não falta nada!! Isto não é humano. Não se vive apenas de dias de Sol!!!
O Belo é natural.

A certeza nas mãos... o sonho com rótulo e endereço. Ainda!
Aquilo na garganta que hora ou outra soluçava/
Alguma coisa dentro dela lhe dizia, Que era isto!!! A Vida tinha lhe Bastado!

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
****

Sei é só hoje... isto passa!!
Vai passar!!


terça-feira, 3 de junho de 2014

Love vs Dreams

Então você é um apanhado de coisas...
Um amontoado de sonhos, ideais, conceitos, ideias, projeções...

Uma pitada de história. A sua própria, e das pessoas que compõem seu caminho.

Outra pitada de avaliações... avaliações estas, que você se esforça o tempo inteiro para acertar.

Você é o atravessar a ponte !!!

Hoje eu sou esta... parada ainda, naquele beiral.

Quem esta atras de mim ou ao lado, não sabe os passos que dei... os nós que desatei.. quantas milhas corri pra chegar até aqui...
.. E como cheguei!

Não sabe quantas vidas vivi,
quantas renúncias eu fiz!!!

E se fosse pra falar de "Se 's"...  SE eu tivesse outro caminho e não este... SE eu tivesse isto.. SE não tivesse aquilo...

Poucas pessoas tem a honestidade pura e verdadeira de se auto avaliar de forma clara.
De forma justa!
Incluo a mim mesma, sou sempre muito dura comigo! (( terapia faz bem pra isto... entender um pouco toda culpa e julgamento)...

E parada aqui, no beiral, eu não sou capaz mais de lembrar, quando faço este esforço, dos sonhos todos que habitavam em mim...
.. E aí, os argumentos são vencidos e derrubados um a um...  desmoronando como algo feito de açúcar,  ou melhor, de areia !

Porque desmoronar, desconstruir, nunca é doce!
E doe.

Você sonha.. então você ama... e você abre mão de sonhar...
MAS como estas coisas tão essenciais a minha natureza e vida podem se anular desta maneira!!??

Onde foi que me perdi???
Que ponte é esta???



sexta-feira, 16 de maio de 2014

Vai Ser, vAi Ser

A árvore florida,
como nunca esteve antes...
Ando ausente nestes dias, ausência que arrebata e arremessa saudades.
ELegia minha!

Vida que não se mede..
... vida que não se esquiva... nem foge assustada...
... vida sempre a serviço da vida!!

Ainda é outono.
E o céu se estende claro, de fulgores e brancuras... esqueço meu nome .. e caminho pelo meio.
Ausente de todas estas coisas  breves...
Aguardando a vida ... suspiro aquilo que deveria me acalmar.


Tenho medo de ter medo.
Então não me escondo.. disparo contra o vento.
Deixo de medir.. deixo de contar.. não se trata de competir. É só meu jeito de esquecer, meu jeito de colocar a cabeça no lugar.
Enquanto caminho traço um plano.
Sei bem usar esquadro e compasso.

Não sou feita de rascunhos.. nem de medos..
Mas sou toda coragem.
Sou escudo forte.

Preciso ser!
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada
Canto!
A fé, a fé, paixão e fé, a fé,
Os anos pesam demais no coração... e a vida vai deixando em cada esquina, caminho .
Tenho AMor no Peito!!!
Tenho palavra encantada... e sonho antigo amadurecendo no pé!!!
colho ROmance de tempo em tempo!!

Semente antiga... coisa só minha!!!!

O Sereno silêncio sou.
E
Estou humanamente em paz comigo
Ternura!

Paz que dói de tanta
Mas orvalho!
Em meus Renovos

Estou e Vou, como Sou

Maneira funda e cristalina Minha
Água de remanso, mansa
Brisa Suave...
... Luz de Amanhecer!

* * *
NAs palavras da amizade branca de RAquel!
Nas palavras de alento da maravilhosa Marla!
Nos sorrisos dos Amigos.

VOu encontrando minhas respostas e certa direção!

Porque algumas vezes não somos capazes de ver com total clareza sozinhos.
E é preciso conforto e abrigo.. VErdade.
De poesia pra poesia.

ESqueço as horas que gastei.. pensando e pensando.
ADormeço,
Pesadelo de novo.
Acordo... me esqueço!

Meu coração contrito.
Mas a superação é minha.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Maternar

Mas eu que era só o vento...
era só um pedacinho de sonho, pés descalços no chão .

" Primeiro capítulo de outono"... disse ela, linda em suas palavras.
E, eu fiquei vagando.. perdida.. entre a segunda e primeira linha.. pensando...

Quem de fato eu era. Quem de fato eu seria... se minha história é esta.. e eu sou narradora de mim.
** * *******

Sempre acreditei ( e acredito), que toda mãe é um ser iluminado... não é uma pessoa qualquer.
É agraciada e de alguma forma, só por isto, ela alcance com tanta doçura o coração de Deus.

E confesso, já tive conceitos tão conservadores, beirando o preconceito sobre o tema, por exemplo, Como alguém não deseja ser mãe??? Como alguém não sonha em ter um filho??? Como é possível ser tão egoísta e querer viver assim, só pra si???

Claro, cresci. E tive pessoas queridas no meu caminho.. pessoas admiráveis.. mulheres que me ensinaram muito... e eu julgava, este não desejo de maternidade, como um defeito imperdoável, mas fingia não ver. Até que entendi. Até que aprendi. Enfim, me superei neste preconceito e pre julgamento.
E um dia eu mesma tive uma conversa franca com Deus... Se este sonho não se realizaria.. se eu não seria mãe... que Ele me ajudasse a aceitar isto e a viver... a ser feliz... Se esta não fosse a vontade d'Ele pra mim.

Comecei a olhar pra estas amigas admiráveis e me perdoar pelo julgamento....
... E desejei mais que tudo, Aceitar a vida como ela seria... Como ela era!!
E seguir.
Eu seria feliz, mesmo nesta versão não "idealizada" de mim. Já havia perdido tanto... mas respirei bem fundo e o fiz... lembrei imediatamente daquela pipa errante pelo ar.. e suas palavras desenhadas contando a história de alguém que se lançou a recolher desejos do fundo de uma fonte... Olhando o céu, estrelado, que mais pareciam cicatrizes ...
Há certos sentimentos que não são dominados por palavras... nunca serão.

Então vivi mais um milagre.


Da mesma forma, aprendi que é uma imensa tolice.. esta ideia que a mulher quando se torna mãe automaticamente se torna uma pessoa melhor. Altruísta. Capaz de colocar seu filho acima de qualquer coisa.
O que vejo são tantas mulheres falhando.. incapazes de colocar seus filhos acima tantas coisas.....e de si própria.. da vaidade ... do sentimento de posse.. do revanchismo.... do medo.. de todas estas coisas mesquinhas. Infelizmente, existe mãe que não é mãe.. pai que não é pai.. gente que não é gente!

Não sou do tipo de pessoa, que acredita que a maternidade se basta. Ao contrário.
Trabalho e trabalho muito... e no final do dia, ou na maioria dos dias passo todas estas horas, pensando na vidinha que deixei segura. Na pessoinha que estamos ensinando e preparando para viver. Saio de casa sempre com algo doce... que me faz forte pra enfrentar qualquer leão.
Que adiciona doçura à mim mesma.
Que me faz procurar a estrada mais segura para o caminho de volta.

Dia destes disparei contra 218km sem a mínima ideia de como chegar até o hospital que ela estava porque era só onde eu queria estar... era o único lugar do mundo pra mim naquele instante e nada mais fazia sentido... se eu não estivesse lá. E talvez este seja um bom conceito de maternidade, um certo impulso que te faz capaz de realizar qualquer feito, para poder amparar a queda de um filho... tomar nos braços. Te leva além.

O exemplo que quero deixar pra ela é este... que é possível superar tudo... que sim, contos de fadas existem e podem se tornar realidade... quem sabe!?

Que pessoas boas existem... que Deus é bom e não faz o mal.
Mas as pessoas algumas vezes sim! Que pessoas más também existem!
Que existe apenas um Caminho.

O que divido com ela todos os dias é poesia. Talvez este seja meu maior legado.
Dizer para ela que viver é isto. .. Viver é poesia!
Que a vida da sua mãe foi esta!

Nasci assim... sedenta de poesia...
E a vejo em tudo.. mas gosto de demorar os olhos, no que me enleva o coração...
... como o furinho do queixo dela.. ou o desenho do semblante dela quando encosta o rosto no meu peito..  o traço delicado frontal de olhos e nariz...
** * ******
Dizem que a vida é para quem sabe viver, mas ninguém nasce pronto.
A vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde o bastante para aprender.


domingo, 4 de maio de 2014

O Pássaro

Noite enluarada de outono lá fora.
E sabia que mais nada conseguiria fazer se não dissesse as palavras que lhe insistiam o pensamento.
... AS primeiras flores de sua árvore surgiram... a maioria ainda brancas.. poucas já num tom avançado de rosa-fúcsia.

Era o castelo do passarinho que agora lhe habitava o peito.
Encantado, mágico... Azul como ele só.
E poderia escrever linhas e linhas pra falar só deste castelo..  construído de sonho, galhos e folhas, amor e flores encantadas que mudam de cor, com o nascer do sol. E do passarinho azul, que lá foi morar... e lá se pôs a cantar... a sua vida.
Mas não hoje.

Hoje, a menina só conseguia lembrar dos anos atrás.. do sonho e da certeza com que sonhava.
Agora o peito doía... doía o medo, doía o pensamento...

Quem já amou um pássaro??
Quem já amou um pássaro , sabe exatamente a doçura e o medo de amá-lo.

Frágil em sua pequenez... Imenso em sua doçura...
E ela fica ali parada, pensando que nenhum mal pode vir sobre ele... nada. É este o medo.  É este amor.
Que lhe calava a alma...  emudecia os lábios.
MAS que não lhe paralisava!!
.....

ERa dela este dom, este toque especial capaz de transformar tudo em conto de fadas...
Tinha aquele jeito enluarado... e mãos pequeninas capazes de imprimir poesia no dia mais comum... ..
Emprestava cores pro dia.
Espanava a poeira ... arrastava móveis... construía paisagens...

Jurava de pés juntos que se entristecesse era capaz de chover !!
Á todos que cruzavam seu caminho sorria uma cantiga... um mistério...

E quando fechava os olhos, seu maior temor era  uma vida vivida sem amor... sem poesia.
Tinha pavor de não ser ninguém nunca pra outro alguém...

... Porque afinal de contas, a gente vive para isto mesmo, para ser tudo para alguém um dia e para sempre... Oras!

TOdas as suas histórias, todos os seus contos... tudo que escrevera a vida inteira um dia desapareceu.
Se foi... como poeira.
Naquele dia sentiu como se toda sua vida tivesse sido roubada... assaltada... foi assim privada de suas alegrias, seus amores, dissabores, batalhas, tristezas...

O passado é esta coisinha que nem sempre nos faz bem... mas sempre queremos deixar ao lado... engavetado.. arquivado...

Mas enquanto olhava para página em branco à sua frente... e tinha aquela certeza feliz de que sua vida tinha começado daquele dia em diante...
... percebeu que a perda na verdade era ganho...

Não queria mais nada daquilo... não queria, por mais belos que fossem seus escritos, suas lembranças...

Porque tinha um pássaro dourado nas mãos...
... que tinha este poder, de fazer nova todas as coisas.
Todos os dias... tudo se fazia novo... e outra vez.

A menina e seu pássaro, a menina e seu sonho....
E além das cores que dispunha, agora existia canto...

E ela era Tudo pra este passarinho...
... nunca mais estaria só...
Se viu livre do seu maior temor !

E o que valia era agora... era dali por diante...
A menina e seu pássaro azul.

Sentia como se não existisse mais nada além.
Além daquele instante único e todo dela...

O azul do céu... as flores que pendiam do galho da sua árvore...
...o canto magnífico de seu pássaro...
........ as estrelas todas elas caindo devagar...

E Aquele anseio de repartir esperanças !

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Outono

Ainda parece verão.

Um calor desesperado, atípico para esta ocasião. É véspera de mim... e ainda não sei o que dizer.
Nunca sei o que dizer.

Mas na minha mania de engenheira louca, quando contabilizo acertos e erros.. tenho a sensação de que mais errei.
O quanto deixei de abraçar meu pai, quanto me afastei de mim mesma, como ando sozinha de amigos, como tenho andado mal humorada, quantas vezes não consigo dar a atenção que minha filha merece.. e por aí se estende uma lista...
De quem está prestes a fazer aniversário, e tem o hábito de se reavaliar com mais intensidade nesta data.

Engraçado... que não consigo pensar ou ver os acertos hoje.
Sempre fui perfeccionista... sempre busquei ideais com exaustão.
Talvez por isto, na minha lista hoje, tem muitos nãos... poucos acertos - na minha opinião.

Eu penso só na doçura e ternura da nossa pequena família.
Mas quase imediatamente sou invadida por culpa.. culpa, seguida de algum item desta lista.
Uma mãe judia... daquelas que batem a cabeça com uma frigideira... é assim que me sinto.

Eu olho pro espelho.. ele me olha de volta, frio e cruel. É verdade, não gosto nada do que vejo.
_Hoje amanheceu um dia lindo de verão... lá fora 30° _ vou dizendo pra mim _ MAS é Outono!! E é ABRIL!!

É exatamente assim que me sinto.
Do lado errado, quase ao avesso... sem forma.

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" Eu nunca sei o que dizer. Aliás, sei. Depois que a ocasião passa. Não quero passar um outono esperando o outro. Os mortos não falam, mas leem, escutam, veem e alguns deles até escrevem. É o meu caso. E ao escrever faço o que melhor sei fazer: ponho tudo a perder. Às vezes pergunto-me onde eu estava com a cabeça quando reduzi minha vida à ponta de uma caneta. É preciso resistir à tentação de mentir. O que faço para tapar os buracos deixados por este vazio insuportável? A procrastinação é uma doença que nos mata sem qualquer pressa. Causa-mortis: atuação dispersa. E eu tenho tantas urgências, mas procuro esquecê-las, com muita frequência. Não costumo fugir das minhas responsabilidades, no entanto, tenho despriorizado muitas decisões importantes. Exceto meus tormentos, sempre inadiáveis. Não bastasse o choro pelos ontens, choro também pelos hojes, amanhãs. Choro baixo para não acordar o bairro. Três palavras me prefaciam neste momento: superioridade, separação e segredo. E não é outro o meu desejo, senão o de que elas sejam em mim como foram em ti. Não há remédio contra a atrofia de gestos. Uso focinheiras de ferro para amordaçar a fúria destes cães raivosos. Os dias têm me dado dentadas violentíssimas. E, para completar, me engolido sem mastigar. Limpo cuidadosamente os ferimentos do tempo. Alguns vão demorar para cicatrizar. Eles me ardem feito fogo fresco. Certas palavras ocultam uma ternura que nem sempre nos é dada entrever. Nunca é. Ontem escrevi até os dedos sangrarem. Não o fiz para justificar meus acertos e sim para confessar os meus erros. Cartas sem a menor pretensão de serem enviadas, como uma criança natimorta que vem ao mundo apenas para atestar o seu incontenível e entusiasmado suspiro catártico para, em seguida, fechar os olhos diante do espanto provocado no outro. Nem tanto pelas palavras... Há intenções que nasceram para ser imediatamente enterradas. Saio às ruas, dobro a esquina e, em uma violenta batida, o coração se precipita. Quero ficar a sós com estes pássaros, estas árvores, estas sombras, estes galhos. Que pousem em mim todos os sonhos que um dia alçaram voo. Deixo esta rosa rigorosamente incógnita sobre o túmulo coberto de heras, sarças e musgos. Lerás remorso.

Palavras são rosas que o vento desfolha. E é abril. Mês das cores que já não reverdecem. Logo as ruas e avenidas da memória ganharão outras matizes de lilases, nunca como as de antes. As luzes de outono pedem: deixa ir o que não serve. O fim é sempre por onde começo. Tente não reparar na ordem dos acontecimentos. As razões que nos levaram a aproximar foram as mesmas que nos levaram a distanciar. Quem sequer chega, não pode desejar ficar."
                                                                                     da Pipa , pra mim!!




terça-feira, 1 de abril de 2014

é Só o Vento...

Não é só qualquer coisa triste que chora,
Hora ou outra choramos de gratidão, de felicidade, de amor.

Achei um sinal.
É verdade, ando muito sentimental, eu sei.
E talvez isto tenha alguma coisa haver com meu aniversário chegando.

Ando assim, tentando encontrar  e Acreditar no melhor caminho.
.. que todas as coisas não precisam de um  grande porquê.... que nem tudo deve ser e / ou será pra sempre.
 Que muitas vezes aquilo deixamos pelo caminho... aqueles pedacinhos que caem do bolso enquanto distraídos seguimos.... ou todas aquelas migalhas e farelos que vc vai deixando cair sem poder evitar...
...  estas coisinhas, sem muita importância ... são aquelas capazes de mudar sua vida e vc por completo.
Num instante qualquer.

Eu andava pensando em desistir.
TOlice... desistir. Sei que Não existe esta opção...

...quando vc sente que não pertence a lugar nenhum... quando parece que não existe mais lugar pra vc no mundo???????!!!!!!!!!!!!

Perdida com as lembranças e os sonhos que eu teci.
Entre paredes listras e cores.
A casa que eu amei, cuidei, limpei incansavelmente ... Sonhei. Por tanto tempo..
Eu não consigo imaginar ... como seria...
só restou o tempo...

Sei que a vida se refaz.
Eu mesma já nasci e morri algumas vezes dentro de mim.
Sei que a vida continuaria e continua... pra todo resto.
E mesmo assim  ainda insisto nesta ridícula obsessão  romântica..
no sonho você é Essencial.
É o ar.
É a absoluta urgÊncia.
O Agora.




Mas eu não.
Mas eu sou só o vento.

Aquela ventania azul de outono.
Só o vento...
sempre isto.
...qualquer coisa que se desfaz.. Só o vento la fora...

tangendo cabelos... balançando varais... levando folhas caídas de outono...
Só o vento...




sexta-feira, 28 de março de 2014

O que já Era muiTo

Perdemos tudo. Menos a nossa capacidade de significar. O que já era muito.

Aí você se sente prisioneira... de seus deveres e obrigações... Responsabilidades.
Ariana com ascendente em sagitário ... ficava explodindo  entre a vontade de disparar um sonoro : Go to Hell.... ! (entre outras coisas, cobras e lagartos)... e o que era apropriado para o momento: tentando deixar passar... engolir o sapo.
Quem a conhece com mais propriedade sabe dizer o quanto o sapo lhe descia amargo e repleto de espinhos.. lhe rasgando a garganta, quadrado em seu esôfago.
Lhe torturando o estômago.
E ficava pensando lá com seus botões.. que chegar em casa e ter amor em dobro fazia aquilo bem diminuto...
Adicionava uma colher de açúcar ao Sapo... e lhe ajudava engolir.

Como aquele gole de água que oferecemos ao filho depois da dose de remédio muito amarga.
***    **

Algumas vezes
Nos sentimos assim... Ansiosos por algum sinal, algum conforto...

E aquele dia , as palavras queridas dedicadas à mim.. me trouxe tanto significado.

Fechei a porta do carro, e comecei a chorar... tinha me reencontrado com a doçura que sim, ainda havia em mim. Eu não havia perdido.
A vida real tem este poder sobre a gente.. nos amarga, nos arranca o sabor.
A guerra tem este poder ... todos os dias.. um leão.. uma briga.. um arranhão.

E então chorei.
Chorei de saudade...
Saudades de mim.. de tudo que sempre fui... e ainda sou.. e já não posso mais ignorar.
Meus valores, meus tantos significados. ... minha cor azul.

A Doçura imensa da minha filha, quando se refugia nos meus braços.
A calma e paciência do marido ao ignorar o meu mau humor.
TOdos os sinais que Deus, Glorioso e Amoroso, me envia.
Enfim, todos os dias.. os dias, as horas.
Respirei com mais profundidade e gratidão.



“O erro – sou eu que te digo – está em desconhecer que receber é muito diferente de aceitar.

Receber é essencialmente dar, e dar-mo-nos a nós próprios.

Avaro não é aquele que evita gastar a fortuna em presentes, mas aquele que não dá a luz do seu próprio rosto em troca da tua oferenda. Avara é a terra que não fica mais bonita depois de lançares nela as tuas sementes.”

Antoine de Saint-Exupéry




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Algo de Pássaro

Havia nela algo de pássaro...
... azul – verde, leve , vivaz,
...embora tanto passado...
Como beijo de uma onda Fria e Fina. Ainda solene.

Sentindo como Sentia.
Parada Ali.

Ante a janela aberta.

E o coração lhe dizendo que alguma coisa de terrível ia acontecer.

Flores que ela mesma comprou!!!
Pra ela!!


Outras que ela colheu!
Só Deus sabe!!
-“Só Deus sabe como se ama isto!” __ pensava dela mesma __ como se considera “isto!” .

Compondo – o sempre, construindo-o sempre em torno dela.
Derribando- o , criando-o de novo... a cada Instante.
A cada instante.

Era mais um dia ! Era mais um dia dela!
E justo aquele dia.

Acordou aquela manhã amando quem ela foi um dia.
... amando todos os sonhos que perdeu....
E todas as suas despedidas.


Era verdade o que sentia ... e sente...

Mas já sofrera tanto... que , Ela era maior que isto.
Era mais forte que qualquer amor.

Passava como uma navalha através de Tudo.
E ao mesmo tempo ficava de fora olhando.
Tinha a perpétua sensação de estar longe e sozinha.

Sempre sentira que era muito perigoso viver, por um dia que fosse.

Não que se julgasse inteligente, ou muito fora de comum.
Nem podia saber como tinha atravessado a vida.

Cristal mais resistente. Pontiagudo.
Importava mesmo???

Importava mesmo que tivesse de desaparecer um dia, inevitavelmente?????

Não queria mais isto... de qualquer maneira viver no fluxo e refluxo das coisas, Sobreviver !!!

Aquela última experiência do mundo Lhe causava Lágrimas e Pesares, CORAGEM e RESISTENCIA.

Por toda parte Flores.
Ela aspirava aquele cheiro de jardim.

E ela tão triste.

A frase do livro repetindo...
Era verdade!!

Era ela.. ali descrita.

Era sobre ela que dizia!

E sabia .. tudo aquilo continuava sem ela!!!
Sentia –o???
Ou seria um consolo pensar que a morte acabava com tudo, absolutamente????

Ela nem estava mais lá!
Nem existia aquela manhã! Aquele dia!

Era só e sozinha.

Desprovida de cuidados... de afetos... era só luta... só batalhas vividas....
Força e coragem.
Sem alternativa... sem escolha...

Observava e aprendia.

Não fazia parte.
Sabia!

Era hora de sair de cena!
De partir.

Era sua hora. ... esta....

Justo aquele dia!
ELa via a vida nos olhos... refletida no espelho...

Que bom seria!!! QUe BOm Seria, se...

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Viver é Preciso!

" Uns querem vida, outros poesia..."

Me deparei com as palavras delicadas e carregadas de sentido. Pra mim! 
E concordei com a sua primeira linha, é verdade Pipa, É preciso ser forte!! 

Não é o desassossego de um amor  arredio que exigia hoje de mim esta força toda. 
Mas de repente a minha vida e eu mesma me enchi de responsabilidades que sinto exatamente este peso. Este mantra ecoando do canto mais profundo de dentro.

É preciso ser forte. 
Todos os dias! 
Acordar cedo, vencer o cansaço.
Provar pra si mesma e pra Deus e o mundo o quê se sabe.

Todos os dias, quando acordo. 
É preciso ser forte.
Deixo minha filha dormindo e sigo orando, conversando com Deus.. temos um acordo, eu e Ele.

E me sinto culpada. Cada vez que ela adoece... cada vez que ela chora quando não estou.. ou me procura... 
Como se minha ausência adoecesse ela, é o que sinto... acho que ser mãe é isto também. Você se torna uma criatura iluminada, alada... com poder curativo de afastar o mal.
Eu mesma lembro da minha infância e de como algumas coisas só as mãos cumpridas da minha mãe me aliviavam a dor.
******

Em momentos feito este o que deveria ser feito?
O que deveria ser dito??

Fica a sensação de repetência.
Fica o pensamento te apontando o dedo...

Eu sei.

NO passado eu teria chorado.
Teria gritado... no passado eu me sentiria horrorosa.
Feia... Bom, isto não mudou muito.
Me sinto assim hoje.

São tantas interrogações invadindo a cabeça.

O mundo nas minhas costas.
Documentos, relatórios, reuniões... porque a vida não pára para que você sofra sossegada.
Porque minha filha quer atenção, quer brincar de massinha comigo quando chego em casa.

E ainda não tenho voz.
Ainda não tenho vontade de falar.

Então estou eu aqui.
Sentada no trabalho... diante de todas as 30 mil tarefas que preciso fazer. Depois de dirigir cerca de 90 km.
Parada.

E no fim do dia são mais 90 km de volta pra casa.
De volta para tudo isto que ainda não sei.

A única certeza que tenho, é que brincarei de massinha com minha filha.
E dançarei um pouquinho com ela.. que assim como eu , já sonha que é bailarina.
A única certeza que tenho.. é esta.
O coração dela no meu.. o meu inteiro com ela.