quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sei lá o quÊ

"Há nela uma sede de infinito,
uma angústia constante que nem ela mesma compreende. Pois esta longe de ser uma pessimista; e é  antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada. 
Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade; sei lá de quê!" 

 Estou triste hoje.
Um num sei quê... que me joga pra baixo!!
Eu adulta, mãe, engenheira... ainda me deixo abater por coisas pequenas!
E como é ruim esta descoberta!!!

Olho pro documento aberto numa janela... olho pro relatório aberto na outra.. A tela dividida ! E meu pensamento longe.

Na estrada.
O caminho para cá me revigora... é linda a paisagem .. e hoje eu vi algo tão lindo!!!
Um cavalo... correndo... lindo.. ao vento sua crista!!
O que chamou minha atenção não a imponência dele.. correndo pelo campo verde.

MAs olhando pra ele me perdi.. sou capaz de jurar que senti seu coração bater!!!!
Pensei comigo: Liberdade!!!  Felicidade!!! Correr assim... ventania!!!

Segui meu caminho... mas o pensamento ficou lá atrás.
E ainda agora... a visão.
Não conseguiria terminar minhas tarefas... Das duas uma: Ou eu sairia porta a fora.. a correr desembestada ( quem dera pudesse!) ou me colocaria a escrever !

Eis me aqui.. a escrever!
Só fico pensando, "Quanta bobagem!"... "que boba, eu!"
Lembro da delicadeza, da poesia.. e respiro
Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
                                           * * * 
"... _Que coisa mais linda da Cora ..  -Que nome lindo, este Cora!! ..."

O pensamento não para! Impossível concentrar.. sem distorcer.. sem  ir pro lado.

E aqui estou, cantando, escrevendo.

Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.

Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes
andaram.

Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.

Pois aqui estou, cantando.

Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?

Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?

Não posso!?? Não poderia ?
Quem amaria isto?

Sozinha de tudo tudo que tinha na vida. Virei um nada!
 REluto, e resisto , como uma coisinha selvagem que não se deixa domar.
Me recuso a criar ilusões... a me encaixotar em padrões... Sou natural...
Se estou triste, estou, ponto final. Sim.. há dias de sol.. há dias nublados.. Tempestades violentas... garoa!

Este sorriso engessado que vejo nas fotos... a necessidade de auto afirmação, de demonstrar estar sempre bem.. que a vida é perfeita.. que não falta nada!! Isto não é humano. Não se vive apenas de dias de Sol!!!
O Belo é natural.

A certeza nas mãos... o sonho com rótulo e endereço. Ainda!
Aquilo na garganta que hora ou outra soluçava/
Alguma coisa dentro dela lhe dizia, Que era isto!!! A Vida tinha lhe Bastado!

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
****

Sei é só hoje... isto passa!!
Vai passar!!


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