segunda-feira, 22 de novembro de 2010

pra EncOntRar....

.... andava em círculos, sem saber pra onde ir... sem saber onde queria chegar.... 
Sem saber qual caminho deveria tomar.... 


Andava em círculos então, presa, naquilo que era só um caminho... 


Era só um caminho, e sorria!
Melhor que sorrisse... 
... seus olhos já eram pesados de cansaço, não podia chorar! 


Uma única lágrima se quer!


Entendia de cálculo.... pegava esquadro e compasso... e traçava pontos e pontos ... equacionava aquilo que não existia resolução... 
Debruçada sobre a pilha de papel... páginas e páginas de teorias e cálculos, que não lhe respondiam......... nem indicavam .... a resposta que tanto queria.


Foi quando ela se lançou no mundo... à procura ... 


De ciência exata sua vida era pouco construída.... aprendeu crescer assim, cercada de vento, de poeira nos pés... entre estrelas e vagalumes perdidos no quintal de terra batida... 
Só quando aprendeu que a+b , deveria sempre resultar com exatidão científica. 
Foi que aprendeu olhar a vida assim,
ao menos tentava!


Compreender a exatidão do todo... e de tudo.
Até do coração!


Tinha este sonho, de dedicar a vida à um grande projeto.... ter um grande feito...... 
... era pensando assim , que debruçava hora após hora nos livros e livros abertos sobre a mesa...
... e calejava as mãos... calculando problemas... procurando respostas... 


algumas vezes , desejava que sua vida fosse simples assim...precisa assim !
E que seu coração tivesse equação simples... e que o coração dele tivesse resposta ! 
Qualquer que fosse! 



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

To pUt iT AwAy....

" ....To look life in the face,..... always,
... to look life in the face and to know it for what it is.


.... At last to know it, to love it for what it is, and then, to put it away."




ERa um daqueles presságios seu, só poderia ser! 
Um dia de tanto frio em novembro... 


FOi assim que todas as grandes perdas de sua vida aconteceram...as grandes mudanças também! 
Não era assim tão pessimista à ponto de converter tudo que a resumia em lágrimas.


Ela era natural!
Assim como era da natureza do tempo.... que fizesse dias de sol... e dias de chuva.... para que nada padecesse ... 


Era honesta e simples o bastante para aceitar esta verdade absoluta de si!


Vivera sempre arrebatada... por ondas e ondas profundas, caudalosas....
ao passo que arrebatava algum olhar... ....  Seus encantos também eram mistérios....  


E especialmente naquele instante.... sentia se apagar... sentia que tinha chegado ao final de tudo.


Dos sonhos e  sabe-se lá se da própria vida.... 
Mas vivia!!
...Sem entender o porquê... 


Procurava vestir seu sorriso mais bonito... 


Quando se deu conta ... do cansaço estampado no rosto!
Do quanto estava exausta... e com razão... e como seus ombros pesavam... 
Pendiam ao chão... desoladas súplicas ... insuficientes pedidos de perdão....


TInha o peito escancarado... e nada nas mãos!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

fiOs de dELicAdeZa....

.... Para sobreviver ela dizia que era forte.

Não podia dizer nem em segredo, nem pra si mesmo..

Entristecida fazia chover!
Mas aí colocava sua roupa mais bonita, uma fita e uma flor nos cabelos....

Pra que a vida voltasse fazer sentido....

No coração , era fé!
Era fé o bater daquele coração... e fé... o ar que respirava todos os dias... a cada manhã....

Como se explica um milagre feito aquele.. nem ela poderia...

Tinha leveza de uma pluma qualquer... solta ao vento...
indo embora... devagar!

Quando levantou aquela manhã gloriosa, ao tocar os  pés no chão, desejou ser livre!
Completamente livre... de qualquer amarra que lhe prendia a alma... ainda... e Naquele instante, foi esta sua oração!

Queria um amor que a libertasse.Que a tornasse verdadeiramente livre... que lhe pertencesse ...  assim como ela mesma... toda ela... desejava pertencer!
Livre... do medo da espera... do abandono... livre da dúvida... da incerteza.. Liberta da insegurança ... de passos largos... liberta de qualquer coisa que fosse apenas comodismo....

ERa isto... sorria ao caminhar... lembrava o quanto amava dias assim... intermináveis...
... e aquele desejo de menina que a invadia... de querer um pôr-do-sol que durasse horas e horas e horas...

Viveria no lugar do Encontro... naquele jardim... na viração do dia...
dia após dia...

No fundo ela era só uma menina , Ventania ventania
...
Quem lhe compraria um jardim em flor...  guardava ainda aquela caixinha escondida lá no fundo bem fundo da gaveta.... com a poeira de um sonho que alguém um dia decidiu não sonhar....
....
Era valente esta menina... já tinha enfrentado tantas montanhas gigantes... atravessado entre o medo e a dor,
... perdeu tudo que tinha, e descobriu que aquele nada era O tudo que precisava... teve seu coração roubado, teve seus cabelos cortados... e viu seu sangue branco... escorrendo levando embora um sonho ou dois....

E mesmo assim... sobreviveu.... sobreviveu até aquele instante... até aqui... porque cantava ... enquanto seguia...
Ainda que na mais profunda escuridão.. era cantando que ia desenhando seu caminho...
e dançando  por onde quer que fosse....

Era perfume suave... aquela menina... daquelas fragrâncias que te tocam como um beijo muito doce...
...

E agora depois de tanto caminhar... sentia que algo dentro dela ia perdendo a força... a convencia  todo dia...  que ela era nada... que era só isto ... passagem....
... e abrigo enquanto durasse aquele instante....

Tamanha era a força deste monstro... tamanha era astúcia... e persistência... colocava até pedras no caminho da menina.. à lhe falar...

Certa vez, uma pedrinha destas.... veio rolando ... fez de tudo pra que a menina tropeçasse... fez de tudo para que a menina acreditasse nas palavras que dizia... e se foi....
... de tempos em tempos voltava... e ainda volta.... tentando um truque novo...

MAs a menina atravessa... noites e dias... atravessa com delicadeza... toda dela.
Ela mesmo tecia... fios e fios de delicada linha... tinha aquelas mãos pequenas...que desfazia intricados nós...
 (...)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

FolHas de aLmA

Horrível, pensava, adivinhar mover-se nela aquele monstro brutal! 
Ouvir ramos estrelejando e sentir aqueles cascos nas profundezas dessa floresta cheia de folhas, a alma; nunca estar inteiramente alegre, nem inteiramente segura, pois a qualquer momento o animal podia estar movendo-se; 


Ódio que, especialmente depois da sua doença, fazia-lhe sentir um doloroso arrepio na espinha; 
Causava-lhe uma dor física, todo o prazer da beleza, da amaizade, do bem-estar, 


De sentir-se amada, de tornar a casa deliciosamente acolhedora, tudo vacilava e pendia, como se na verdade houvesse um monstro a roer as raízes, como se toda a panóplia do contentamento não fosse mais que amor-próprio!


E a sala tinha suas paixões e invejas e raivas e mágoas
a sobrepujá-la e encobri-la, como um ser humano [...]
TRavava a boca o silêncio de segredos insondáveis... e aqueles mistérios insolúveis que preenchiam seu estomâgo.....



Seu modo mais profundo de ser é que se queria captar
e converter em palavras, o modo que para o espírito
é o que é a respiração para o corpo, o que se chama
de felicidade ou infelicidade.



Mas ficava ali parada.... olhando o caderno farto de folhas... olhando o caminho diante dela : Aberto... 


Abriu o livro sobre o criado-mudo  e leu:




" Querido,

Tenho certeza de que estou enlouquecendo de novo.
      Sinto que não podemos passar por outra daquelas
terríveis fases. E desta vez não ficarei curada.
            Começo a ouvir vozes, e não posso me concentrar.
Assim, estou fazendo o que me parece melhor.


Você me deu a maior felicidade possível. Não creio
que duas pessoas pudessem ser mais felizes até
chegar esta doença terrível. 



Não consigo mais lutar.
Sei que estou estragando a sua vida e que sem
mim você poderá trabalhar. 

E você vai, eu sei. Está
vendo, nem consigo mais escrever adequadamente.
Não consigo ler. O que quero dizer é que devo a você
toda a felicidade da minha vida. Você foi absolutamente
paciente comigo e incrivelmente bom. 

Quero dizer isso —
e todo mundo sabe. Se alguém pudesse me salvar, teria
sido você. 

Perdi tudo, menos a certeza da sua bondade.
Não posso mais continuar estragando sua vida. 



Não creio
que duas pessoas tenham sido mais felizes do que nós fomos.

Virginia"



Não conseguia parar de repetir aquela última frase.... era perfeita... linda... 
toda a carta era linda... mas aquela frase tinha algo que desatava nela algum nó.


Tinha de ir andando, disse ela, erguendo-se.
Mas parou, como se fosse dizer alguma coisa; e ela indagava consigo qual a causa.Pois não estavam ali as rosas?(...)

Há uma dignidade nas pessoas; uma solidão; até entre marido e mulher, um abismo; mas que se devia respeitar, pensou ela,  vendo-o abrir  a porta; pois não se podia renunciar a isto, ou denegá-lo a um marido, contra a vontade deste, sem perder a própria independência, o respeito próprio; algo que não tem preço, em suma.(...)

Mas...mas por que se sentia de súbito, por alguma coisa que não podia tinar, desesperadamente infeliz? 



Como alguém que houvesse perdido uma pérola ou um diamante na relva e separa cuidadosamente as hastes, aqui, acolá, e busca em vão cavando afinal até as raizes, assim examinou uma coisa e outra; não, 
 ..... não, isso não lhe importava; 


 O que havia era um sentimento, algum desagradável sentimento, experimentado talvez pela manhã; alguma coisa que alguém lhe dissera, de mistura com certa predisposição sua, no quarto, ao tirar o sapato; 


 Trouxera as rosas. As suas flores! Era aquilo! 
Ambos a tinham criticado, tinham zombado injustamente dela, por causa das suas recepções, suas manias de dona de casa,


 Era aquilo! Era aquilo!
Bem, como iria ela defender-se? 

Agora que sabia do que se tratava, sentia-se perfeitamente feliz.
Era só silêncio fora dela.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Je PaRs. Je ne RevienDrai jamais!

É que algumas vezes algo lhe aferrecia o peito... e observava cada uma de suas promessas se desfazerem dentro dele...
Não existia o amor.. não pra ele... jamais existiria... vida semelhante aquela que viu desaparecer por completo... num único instante.. assim... naquele único golpe.

O menino corria pra janela, pra ver se encontrava qualquer coisa que lhe roubasse a atenção. Era muito bom em fugas deste tipo...
"Evitar era melhor".. pensava....

Mas em dias feito aqueles que vivia... num momento deste.. onde o coração não sabia mais a batida exata... o tom correto.. nada disto... 

Só servia pra encher de dúvida... 

E se a vida não fosse mais nada além disto??
E se estivesse completamente perdido .. já que completamente sozinho... ele insistia em viver????
Ainda valia a pena , esquecer do amor.. esquecer do tempo... viver só e assim????
E esta angústia no peito???
...
E este vazio na alma????
...
E será que existe alma????
...

Quando percebeu era tão avançada a hora, que a rua inteira se escondeu... era só o vento lá fora...
era só a sua janela aberta.... 

Não! Não queria admitir que ao fechar os olhos sonhava com um beijo de cinema...cena final de romance.
Onde já se viu!!???
Não no seu peito... não no seu coração... Não, porque quem muito amou também muito sofreu... 

Afastava!
Já tinha decidido... estava feito!

Caminhava de um lado pro outro do quarto apertado justificando a vida que vivia e viveria por decreto seu!

Era quase um capricho! Uma birra, feito criança esperneando braços e pernas.
... Mas em noites feito aquelas... onde jurava era capaz de ouvir o próprio descompasso... e sentia o imenso desperdício de seus dias...

Quando parava frente ao espelho e olhava bem aquele rosto frio apoderado dele... lhe faltava o ar.

Perdia os olhos na janela.... perdia a vida nas horas que arrastava...
CAnsado e tão entristecido... lembrou do dia em que pegou suas coisas, as pressas, e deixou sua casa... despediu de sua mãe!
Quando chegou naquela nova cidade .... de paisagem dura... feita de ferro... Quando começou a viver todos estes decretos seus.

E sem perceber... também sem censurar .... desejou largar tudo.... e voltar!
Desejou que o vento o levasse de volta!

Desejou que tudo fosse simples.. e como antes.... E se ele tivesse, todas estas coisas que temia????


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

o EsCurO da nOiTe!



Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.


Não tinha medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois também era o escuro da noite

Mas acreditava em sinais feito aqueles.... o céu tão cinza lá fora... naquela tarde, ela simplesmente soube que algo mudaria...


FOi um sopro de repente... passou por ela revirando os cabelos...  arrancando o pedaço de papel de suas mãos...


... não era medo o que sentia.... era outra coisa... era um fiozinho fino de prata que percorria sua espinha...do início até o fim... 


E aquela voz dizendo dentro dela que era hora.... foi quando lhe faltou o ar... e só conseguia pensar na porta aberta... nas luzes de sua casa ainda acesas.
....
Era sua vida ali e cada pedacinho de sonho que plantara.
Já fazia muito tempo vivia sozinha... e sozinha cuidava de si mesma... 
Quando o coração doía , deslizava os dedos pelos cabelos e confortava o próprio peito... 
Porque a vida é assim!
Porque liberdade hoje em dia é a mesma coisa que solidão!!


Mas ela não pertencia a dias feito este. Não!
Não era deste tempo... 


Onde ser feliz era viver só pra si!E liberdade...liberdade era egoísmo.


Liberdade não era isto...  liberdade aos seus olhos era sempre igual a amar!
Era saber que poderia estar em qualquer lugar mas sua escolha era estar ali.
ERa construir a vida ao lado de quem a queria bem... era deixar bilhetes pelo quarto ... era beijo roubado... e cuidado também.


Tão fora de moda... ela toda. 


Assim que o dia foi acabando bem devagar... sentiu aquela vontade tão forte, tão profunda de chorar... enquanto limpava a poeira dos móveis... enquanto descobria os espelhos.... 


Lágrimas e lágrimas de alguma coisa que faltava nela... de alguma coisa que transbordava dela... 


Como compreenderia D-s???
Quem Ele era pra ela???


Foi limpando a poeira.... iluminando cada canto de sua casa... 
seu castelo de sonho.. por tanto tempo esquecido.. quase abandonado ali.... 


Quando então não pode mais , e caiu de joelhos... 
Levou as mãos em sinal de súplica sobre os olhos... e pediu.. na verdade implorou... aos prantos.. que D-s, onde estivesse mudasse sua vida.


Um pássaro cantava em sua janela...