quarta-feira, 17 de março de 2010

ERa uMa VeZ um PásSaro...

Lembrei do primeiro conto que escrevi. Aos 7, eu narrei a história de uma EStrela que se Apaixonava por uma Menina!


E não é engraçado como eu ainda lembro palavra por palavra. E ainda doe o peito... quando penso.
Minha mãe foi chamada na escola, num bilhetinho no meu caderno... e fiquei tensa pensando no que eu havia feito de errado.. claro, ela também, me perguntava! 
E minha mãe sempre foi bem firme, exigente. Coisa horrorosa decepcioná-la! Meu Deus!
Chegando lá... a professora chamou  a diretora, me chamaram na sala. E a minha mãe me olhando com aqueles olhos... de EMcasafalamos! 
A diretora parabenizou minha mãe... a professora leu o poema.. a história.. 
Eu quis morrer de vergonha... da sala, da mãe , da professora.
Quando voltamos pra casa, minha mãe comprou um botãozinho de rosa e me deu... e aquela noite ela fez meu prato preferido pro jantar.
E embora não tenha dito eu vi o quão orgulhosa ela ficou. 


Aquela historinha.. seguiu seu caminho.. a escola ganhou primeiro lugar num concurso ... com meu sonho.
Sonho de menina.
Um amor impossível... um amor maior que a gravidade.. 
Que começava também com o famoso Era uma VEz.... porque não era Agora.. não era simples.
ERa pra depois.


Ou talvez nunca fosse... era só um sonho... daqueles.. que Lindo Seria SE... 
Como a minha vida toda tem sido. ... 
... Talvez eu não SEja Suficiente .... eu entendo... Entendo que não exista nada de Extraordinário...
em mim!
A minha poesia... anda Velha, Machucada... 
o tempo passou... 


ERa uma vez um pássaro... 
Rápido, Azul... Fugidio... 
quase não era canto, Quase não era canto,


..." no sentido em que este é aproveitamento musical da voz.
 Quase não era voz, no sentido em que esta tende a dizer palavras. 
É antes da voz ainda, é fôlego. 
Uma palavra ou outra às vezes escapava, revelando de que era feita aquela mudez cantada: de história de viver, amar, e morrer.
 Essas três palavras não ditas eram interrompidas por lamentos e modulações.


 Modulações de fôlego, primeiro estágio de voz que capta o sofrimento no seu primeiro estágio de gemido, e capta a alegria no seu primeiro estágio de gemido. 
E de grito. 
E mais outro grito, este de alegria por se ter gritado. 


Em torno à assistência aconchegava-se escura e suja.
 Depois de uma das modulações que de tão prolongada morre em suspiro, o grupo esgotado como cantor murmura um "meu Deus!" em amém, última brasa.


Mas há também o canto impaciente que a voz apenas não exprime: então um sapateado nervoso e firme o entrecorta,  que interrompe a cada instante não é mais amém, é incitamento, é nuvem Negra..."


Meu Deus, que pobre Pássaro!!!

Releitura minha de CLarice! 

2 comentários:

Camilla disse...

Clarice Lispector é fantástica ... Adoro ela deste sempre.
parabéns pelo blog.

Marília Gabriela disse...

Obrigada Camilla!

Ahh a minha vida é cheia de REleituras de Clarice..rs..
E como era linda a poesia.. penetra as veias da gente...


Bem vinda!
beijo