E não é engraçado como eu ainda lembro palavra por palavra. E ainda doe o peito... quando penso.
Minha mãe foi chamada na escola, num bilhetinho no meu caderno... e fiquei tensa pensando no que eu havia feito de errado.. claro, ela também, me perguntava!
E minha mãe sempre foi bem firme, exigente. Coisa horrorosa decepcioná-la! Meu Deus!
Chegando lá... a professora chamou a diretora, me chamaram na sala. E a minha mãe me olhando com aqueles olhos... de EMcasafalamos!
A diretora parabenizou minha mãe... a professora leu o poema.. a história..
Eu quis morrer de vergonha... da sala, da mãe , da professora.
Quando voltamos pra casa, minha mãe comprou um botãozinho de rosa e me deu... e aquela noite ela fez meu prato preferido pro jantar.
E embora não tenha dito eu vi o quão orgulhosa ela ficou.
Aquela historinha.. seguiu seu caminho.. a escola ganhou primeiro lugar num concurso ... com meu sonho.
Sonho de menina.
Um amor impossível... um amor maior que a gravidade..
Que começava também com o famoso Era uma VEz.... porque não era Agora.. não era simples.
ERa pra depois.
Ou talvez nunca fosse... era só um sonho... daqueles.. que Lindo Seria SE...
Como a minha vida toda tem sido. ...
... Talvez eu não SEja Suficiente .... eu entendo... Entendo que não exista nada de Extraordinário...
em mim!
A minha poesia... anda Velha, Machucada...
o tempo passou...
ERa uma vez um pássaro...
Rápido, Azul... Fugidio...
quase não era canto, Quase não era canto,
..." no sentido em que este é aproveitamento musical da voz.
Quase não era voz, no sentido em que esta tende a dizer palavras.
É antes da voz ainda, é fôlego.
Uma palavra ou outra às vezes escapava, revelando de que era feita aquela mudez cantada: de história de viver, amar, e morrer.
Essas três palavras não ditas eram interrompidas por lamentos e modulações.
Modulações de fôlego, primeiro estágio de voz que capta o sofrimento no seu primeiro estágio de gemido, e capta a alegria no seu primeiro estágio de gemido.
E de grito.
E mais outro grito, este de alegria por se ter gritado.
Em torno à assistência aconchegava-se escura e suja.
Depois de uma das modulações que de tão prolongada morre em suspiro, o grupo esgotado como cantor murmura um "meu Deus!" em amém, última brasa.
Mas há também o canto impaciente que a voz apenas não exprime: então um sapateado nervoso e firme o entrecorta, que interrompe a cada instante não é mais amém, é incitamento, é nuvem Negra..."
Meu Deus, que pobre Pássaro!!!
Releitura minha de CLarice!
Releitura minha de CLarice!
2 comentários:
Clarice Lispector é fantástica ... Adoro ela deste sempre.
parabéns pelo blog.
Obrigada Camilla!
Ahh a minha vida é cheia de REleituras de Clarice..rs..
E como era linda a poesia.. penetra as veias da gente...
Bem vinda!
beijo
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