segunda-feira, 5 de abril de 2010

Debaixo da Luz

A estrada foi longa...
... logo quando deixamos a cidade... vi dois arco-íris. Um dentro do outro.
Lindo.. forte.... demorei na paisagem... pela janela do carro distanciando.
Parece que o caminho de volta era sempre mais curto...
E tudo correu bem!


Seguia o caminho, era impossível deixar de encontrar pedaços meus, aqui e ali...
Era alguma coisa em mim. 
Era Abril !
Lembrei de todas as páscoas até aquele instante... 
Em todas elas, meu pai escondia os ovos .. e com pegadas deixava pistas... Ele me acordava muito muito cedo,dizia: "Pit, acho que o coelhinho já veio!!"... 
Pulava da cama, feliz!! E a cada pegada que descobria... o coração acelerava... e ele ia seguindo comigo, refazendo seu caminho, como se juntos estivéssemos descobrindo um grande tesouro...

Todos anos vencia. 
Encontrava todos os meus..

Minha mãe olhava de longe, sorrindo. MAs era Meu pai quem fazia festa! 
Por isto sentia tanta saudade.  

Ia o coração pousando... bem devagar... serenando.. feito a garoa lá fora... 
Amanheceu amando.. apaixonada... pela sua vida.. por tudo que fazia parte dela.. 
Por tudo que já fez parte dela... A saudade, a saudade era Amor!
A saudade e a falta viviam na mesma morada e eram feitas de pequenas bolas de sabão esvoaçantes que encerram em si o arco-íris. 
Por isto aquele arco-íris me acompanhou a viagem.

Escreveu enquanto  via subir por detrás da JANELA com vista para o mundo que não conheço, o qual observo, mas pelo qual não anseio. 

Eu própria me visto de bola de sabão, trémula, debaixo da luz. 

Procurando um recanto de Luz que me aconchegue e me adormeça. 
As bolas de sabão sobem e acumulam-se no teto da memória, onde se condensam e choram pelas paredes em salpicos tremeluzentes. 

É o meu paraíso, me encontrei com a ausência e a lacuna. 
Minha esfera DOurada.
Agora feito bolas de sabão. .....Ainda que com o arco-íris lá dentro.
***
DEcidi,
Me Deixar ficar na alvura dos dias
Prolongar na linha que divide o céu e a terra
Me Curvar num ponto de interrogação E respirar  a cor do ar. 

Me Estender e dividir em areia.
Não sabia PORQUE ME SentIA LinHA do HOriZonte,
GOtA de Chuva
Ou tão pouco, raio de sol.

Na verdade, não me importava  ser
Palavra não proferida
Pensamento não revelado
Ar não respirado
Céu não voado
Terra jamais habitada. 

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