sábado, 24 de abril de 2010

Raio, Relâmpago e TRovão...



Esqueci o sonho, o relâmpago, o trovão,
a chuva, o vento assobiante até mais não.


Esqueci o sol, o vento, os passos,
as lutas por dentro, as letras em laços.


Esqueci o prazer, o violino, a melodia,
e também o sempre eterno presente que se adia.


Numerosas noites adormeci sem pensar
que a Alma e o dentro poderiam perdurar.


Assim esqueci tudo aquilo que me rodeia
Fugindo, perspicaz, me ESQUECIA..


Esqueci hoje o dia, esqueci-me de olhar.


Esqueci de escrever, esqueci de respirar.


E assim, aflita, para que continuasse a viver
Foi preciso que chegasse e não me fizesse esquecer.
* * 
E eu
Olho para os pés... a curva acentuada.


... Filha dos passos desnecessários que persistem na memória, torna-os curvos e esguios, conferindo-lhes um aspecto quase frágil. 
É aqui que persisto, que a luta contra a gravidade se torna a luta incessável dos dias que morrem em fila, ordenados. 
Olho os pés como quem olha uma escultura. A forma da carne, dada pela maneira como se veste nos ossos, parece esculpida por uma história de passos. 
Os que foram dados, e tantos que ficaram por dar. Contemplo. 
É quase como se o olhar pudesse quebrar tanta fragilidade... E no entanto é a fragilidade que segura e suporta, a fragilidade de um pilar.
 Gostaria de aparentar fragilidade e, ainda assim, ser pilar?..


( fardo dolorido de uma vida inteira, tão curta... tão breve...)


Há quanto tempo não ouvia a música. 
E agora soltava-se por entre os cabelos e sentia as notas cravadas no coração aberto. 
Não o coração aberto metafórico, mas sim o coração aberto visceral. 
Com muito sangue e pausas de dor. 


Por isso é que as pausas têm tempo. Por se poderem transformar numa solidão interior, num eterno e ritmado dilacerar da carne rasgada.

Dante a música ía e vinha... ía e vinha... Até que um dia foi, e o caminho enrolou-se atrás da última pegada. 



Agora não era um mero ondular, não era suave. A música chegava violentamente, atacando o corpo despido de qualquer defesa, que a cada nota, a cada som, a cada timbre, se entregava, sem se importar em saber qual seria o toque final. 


E o toque final não vinha. E o corpo quase terminava antes da música, em luta com o ritmo, com a vibração do som.

A música chegava agora de modo insuportável. 

Sobrepunha-se aos gritos mudos. 
Em silêncio...Ali  Parada!!


Presa!!
Era o coração que arrancava dela a própria vida.


Precisava morrer um pouco mais e outra vez...

Um comentário:

Alê Ferraz disse...

Borboleta, não consigo ler esse verde... rsrsrs