quinta-feira, 29 de julho de 2010

O menino e o VEnto!

Algumas vezes existe amor demais numa história, que não cabe numa vida só... e por isto vai além...
.. acredito...
E pelo caminho vai deixando sementes... assim era a história do menino... assim era ele, semente.
Quando nasceu e a enfermeira finalmente o acomodou nos braços de sua mãe... ela olhou bem os olhos amendoados dele... já abertos.. e naquele instante,ela se apaixonou por ele...
Seu pai quando o embalou pela primeira, satisfeito, beijou seu menino... e cheirando seus cabelos .. foi capaz de num segundo sonhar com a vida do pequeno anos e anos depois.

A mãe com o dedo indicador desfez a figa das mãos tão lindas do menino... ele apertou a ponta do seu dedo... e ela jura até hoje que naquele instante viu o menino sorrir....

Era a pele clara, os cabelos fartos muito lisos, e um olhar de amêndoas ... que quase no final caiam devagar...
O menino de risada farta... de mãos que de pequeno já demonstravam a força que viria.
E assim ele cresceu...

Um dia , sem mais nem menos, só porque era hora, seu pai partiu...
E o menino viu sua mãe morrer pela primeira vez... de amor.
E ele mal pode chorar pelo seu pai.. porque precisava , desesperadamente salvar sua mãe!
Foi assim que um dia, ele se escondeu , e jurou pra si mesmo, que nunca passaria por isto... Não ele!
Jamais sofreria assim outra vez... nem faria isto com alguém... ele jamais sentiria " ïsto!"...

O menino cresceu, tornou-se homem.
Ele era homem e também menino...
E quanto mais os anos passavam... mais ele caminhava espaço adentro .... vida a fora ....
... O Menino não era de dizer "eu te amo!"... e das poucas paixões que teve.. tratou logo de despedi-las..
..com amenidades, pra não ser cruel.. desferia um rápido : Eu não amo vc!
Assim seguia.
Sem cuidados.. sem receios... ele não tinha medo.. nem planejava o futuro , não importava , ele só não queria imaginar a vida dividida com um amor feito aquele... de seus pais...
E assim vivia... achando que era livre!

Ele lembrava todos os dias... mas pra não entristecer, repetia em voz baixa... que não queria!
TAlvez para que não doesse... que  a vida sem amor não merece ser vivida... não é vida....e já  fazia tanto tempo que  não entendia seus dias... não sentia firmeza em seus propósitos..
...

Por isto... era impossível qualquer plano!!
Numa noite de novembro, o menino caminhou até a janela de seu quarto.. em meio ao caos... ao barulho...
ele esqueceu seus olhos na janela..
Pegou um pedaço de papel qualquer e um lápis... rabiscou a palavra que ele tanto temia...
... cortou este papel em pedaços tão pequenos que ninguém no mundo, se conseguisse pegar qualquer pedaço seria capaz de saber o quê ali escreveu...

ELe não jogou o papel ao vento... mas estendeu o braço direito comprido fora da janela  e abriu a mão...
... ficou ali... enquanto observava um à um... sendo levado pela ventania que passava ...

QUando não restava mais nenhum sinal da palavra escrita... ele voltou pra sua cama.... fechou os olhos... e começou a sonhar... ..

...como fazia sempre... Sonhando acordado... com máquinas voadoras... criaturas aladas.. e outras tantas coisas... que via de olhos abertos...
...Ele não sabia... da ventania...
.. não sabia que segredos ela contaria na noite escura e fria...
e tão longe ela iria...

3 comentários:

Raphael (ou Limão) disse...

Seus ventos e ventanias, que conheço há tão pouco tempo, realmente fazem perder o ar, sorrir os lábios e molhar os olhos!
Parabéns!!!

Alê Ferraz disse...

Borboleta!

Que saudade... ainda bem que posso bebericar vc por aqui.

Beijo!

lídia martins disse...

"Não que fosse amor de menos, era amor demais"

Caio f.