terça-feira, 13 de julho de 2010

aos que perdem por orgulho....

A pipa foi quem desenhou  no céu....
cortou o azul do dia....

Quando eu sou só ventania.... ela quem vem  me dizer !
de amores translúcidos.... de conto de fada... e bicho papão....
De romance e de estrelas.... de encontros .... e sonetos.. e fugas...
... tudo isto que...
nem sei dizer...
Enlevado o coração de tanta doçura... de tanta poesia e graça...
Graciosa graciosa.... pairando céu  a fora... me levando com ela...
Eu que sou ventania

"......
Corre o tempo. 
Perguntei-me se eu ia terminar os meus dias assim: como um destes personagens de Jane Austen, escapulidos das páginas de um livro à procura de uma possibilidade de amor. 
Desde que se foi, passaram-se vários dias sem que eu tivesse notícias dele. Encantoei os olhos na ponta da escrivaninha e avistei um aparelho telefônico que me reparava de esguelha, com a testa franzida, como se quisesse me mostrar algo inovador que ainda não fiz: "telefonar".
 Imediatamente, recobrei o juízo: "como uma coisa tão simples pode se tornar  tão difícil" ? 
Derramei na alma uma coragem, que no fundo não tinha. 
Peguei o telefone e respirei fundo. 
Foi quando a própria respiração tentou me sufocar. 
Hesitei, e por um instante não consegui engolir nem a própria saliva, tinha a consistência de aço inoxidável ferrítico ACE -P4 39A. 
Suspirei perdida, formulando minhas dúvidas em voz baixa: "este telefone não existe, é só uma miragem que insisto em teclar".
 Mas tratava-se de uma emergência. Eu não podia partir sem deixar ao menos um coração a inventariar. 
Antes de falar, parei um instante para recuperar o fôlego e conjugar os verbos que se revoltaram e fizeram uma rebelião no céu da boca, fazendo de refém a minha língua que ficou presa entre os dentes.


_ Não penso, logo, eu ligo. E abençoados sejam meus ouvidos! Finalmente consegui discar o seu número. 
Tive a impressão de que meus dedos se afundavam entre as teclas enquanto as garras do fio se embaraçavam em meu pescoço, apertando minha garganta como um cipó espinhento. Eu o levei com pouca ou nenhuma coragem até o ouvido, e por sorte, tinha um sinal anêmico de: "fora de área".
 A secretária eletrônica atendeu. Minha voz ficou dependurada de cabeça para baixo na caixa postal, matando enforcado o seguinte recado: "me deixaria voltar a vê-lo, se eu pedisse"?..... "


Lindo Lindo.. Absurdamente Lindo...  Da Pipa! 
* Que encanto de poesia!

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