sexta-feira, 11 de junho de 2010

RAiz da Raiz

Um dia ela respirou bem fundo , fechou os olhos verdes de gratidão mais límpidos,
Com o coração sonhava e pedia baixinho:

...Que encantamento e beleza
fossem brisa e calafrio, ventania de Cabelos esvoaçantes.
E habitassem  em volta dela.. todos dias... enquanto vivesse.
... Que o delicioso e bom
não tivessem esta escassa duração
DAquilo que observava por onde andava

- fogos de artifício, flor,
nuvem,  bolha de sabão,
riso de criança, olhar de mulher no espelho,
e tantas
outras coisas fabulosas
que, mal se descobrem, somem –
disso, com pena, Ela ainda menina já sabia.

se perguntava porque, Ao que era permanente e fixo
não se  queria tanto bem: ::
gemas de gélido fogo,
ouros de pesado brilho,
Estrelas
que  de tão altas não parecem
transitórias como nós
e não calam fundo na alma.
Não: parece que o melhor,
mais digno de amor, se inclina
sempre para o fim, beirando a morte.

E aquilo que mais lhe  encantava  –
... Notas de música, que ao nascerem
já fogem, se desvanecem –
são brisas, são águas,
Caça- feridas de leve mágoa,
que nem pelo tempo de uma
batida de coração
deixam-se reter, prender.
Era a dança na Ponta do pé!
E de tanto dançar ela já tinha os pés calejados..
Gostava de sentir a terra... o chão debaixo dos seus pés.

Som após som, mal se tocam,
já se esvaem, vão-se embora.
Nosso coração assim
leal e fraternalmente
se entrega ao fugaz, ao vivo,
não ao seguro e durável.

Não era  o permanente que lhe cansava
- rochas, mundo estelar, jóias –
Mas pensava que àqueles de puro coração,
 Almas de ar e bolhas de sabão,
cingidos ao tempo, efêmeros
a quem o orvalho na rosa,
o idílio de um passarinho,
o fim de um painel de nuvens,
fulgor de neve,
arco-íris,

borboleta que esvoaça,
eco de riso que só
De passagem  alcança,
pode valer uma festa
ou razão de dor.
Amava
aquilo que era semelhante à ela,
Todas estas coisas de Leveza e Encantamento de fada.
Todas aquelas alianças , emblemas.
Flores e flores de romance.
Broto do broto , raiz da raiz.

Tinha aquele dom desde menina
...de entender Os Rabiscos  que o vento lhe deixava na areia.

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