sábado, 23 de agosto de 2008

Rastro Dourado

A vida produz uma música permanente. Danço incessantemente.
Onde quer que eu vá... esteja onde estiver....
A mim, mesmo assim, é dado certo conforto e riso, é LUZ que vem de Lá, eu sei.
é um olho cheio de brilho e um ouvido cheio de Música. Respirar num presente perfeito, cantar no coro das esferas,dançar incessantemente, rir com o eterno riso de Deus.
Porque não posso sou capaz de converter corações... e não quero mais relutar.
E o que caberia como parte de Felicidade à alguém como eu???? Muitos só tem isso uma vez, muitos poucas vezes. Mas quem o viveu não foi feliz só por um instante, pois levou consigo algo desse brilho e melodia. Dessa luz da alegria atemporal, todo o amor que foi trazido a este mundo por aqueles que se amam, todo o consolo e alegria trazidos pelos poetas e irmãos, e às vezes séculos depois continuam brilhando como no primeiro dia. Vem de Lá!!! Vem Daquele Lugar... d’Ele.. Falo do pedacinho da história de uma Alma! Para mim, em torno dessa sublime, dourada e simples palavra, reuniu-se tudo o que desde a infância senti ouvindo-a! A resposta de todos os sentidos a suas qualidades sensórias, mas se a palavra em si não fosse tão profunda, minha idéia do Eterno Presente, “do Rastro Dourado”, não se teria cristalizado em torno dessa palavra! Tento recordar quantas vezes e com que intensidade senti-me feliz, ou melhor senti Felicidade. Meu coração gosta de se aproximar do elementar aparentemente eterno. Pulsa com o ritmo das ondas, respira como o vento, voa com as nuvens e os pássaros, Sente amor e Gratidão pela beleza das Luzes, Cores e Sons!

Desde menina.... habitei nesta esfera Dourada... como princesa em segredo...
Meu jardim Secreto.
Minha janela verde.
E hoje, não consigo recordar... qual foi a ultima vez que senti assim... sem ter o peito invadido por isto que tão astutamente me mortifica.
Eu e possivelmente várias pessoas , sentimos necessidade de afastar-se por uma hora das simplificações, sistemas, abstrações e outras Mentiras parciais ou completas.
E contemplar o Mundo como ele realmente é,previsivel e compreensível de conceitos; mas com segredos belos e terríveis, sempre novos totalmente incompreensíveis, que ele é. Eu preferia voltar me para os universos da beleza e tradições, preferia os jardins das sonatas, fugas, sinfonias, preferia os encantadores e consolos da linguagem às experiências nas quais a linguagem cessa e se transforma em Nada, porque por um instante belo e terrível; talvez sublime talvez mortal, o indizível, o impensável, o interior do mundo que só se pode vivenciar como segredo e ferida, nos encara. Talvez eu ainda possua suaves despedidas e visões, talvez ainda possa dizer a mim mesma!! Quem escreve apesar de toda aflição legítima e pressente Não pode expressar senão com um sinal convencional: “ A vida tem Sentido?!” E isso soa tão vazio e insensato quanto esta Dor! Não quero dizer “ a vida”, não me interessa filosofias, dogmas ou direitos humanos, falo exclusivamente da Minha Vida. Quero que minha real aflição seja vista por um ser humano real, momentaneamente partilhada, e com isto superada ao menos por esta vez! Quero partir com esta suave calma ,eu não temeria;

Saí para correr e caminhar um pouco. É sempre bom sentir o vento passar por vc! Envolvendo o rosto, o cabelo, o corpo. E observar as pessoas, os carros, a paisagem, tudo o mais que passa por vc!
Oxigenar o corpo, a mente, Sentir a vida e o Sol te abraçar... fez tão bem para mim! Fui até uma estrada com muitas árvores, muitas plantas ( sabe aquelas que parece ter em qualquer lugar e ninguém da muito valor, aquelas com pequenas flores amarelas alaranjadas!?)
Caminho para casa da minha mãe... ( e aquela visão me lembrou tanto ela....)


Era uma estrada repleta destas "simples" flores amarelas... Destas "humildes" flores. Tive um momento ali de muita paz, um instante breve de quase satisfação. Triste ! Mas tão encantador.
O vento balançando as árvores, as pequenas flores amarelas e os meus cabelos. Enqto eu corria ali, só prestava atenção naqueles movimentos... o vento tocando as árvores, as flores, levando-os consigo. Me levando com ele.


Acho que por um minuto esqueci de respirar.
Me esqueci ali um pouco à olhar ... à olhar....
Agradeci à Deus... mais uma vez.... a força da decisão... toda incerteza... toda imperfeição e compreensão...
Deus estava comigo.... estava Ali... ficamos os dois... Meu Amado e Eu....
Agradeci por cada florzinha daquelas... por me deixar um pouco nelas.... por levar um pouco em mim...
Agradeci a despedida.Senti Silêncios... e chorei.
Percebi o quanto amo observar isto e quanto tempo não fazia... tenho este hábito, de observar o vento! Tudo que ele toca, em que direção vai. Acalma e traz paz e reflexão. É bonito. É poesia! O meu coração gosta de se aproximar daquilo que é elementar. Caminhei durante quase duas horas e nem percebi. Ainda estou com aquela sensação no meu corpo.
Tudo por um instante passou... a vida, a espera, a procura, a solidão, ou o abandono ou a ausência.
E ficaram Silêncios...
Senti novamente aquela oração... Que Eu não fosse atravessada pela culpa.... que eu Sentisse a Força da Decisão... e soubesse Partir....
FicaramPoesia, flautas, violinos e piano... a visão simples de simples flores amarelas inclinando.
Inclinadas só porque eu Passava.... Brisa da Tarde, Mensageira Brisa do tempo antigo como se voltasse... Brisa do Jardim!!! Quase criatura pela Relva Pisa, Flutuante, Fina, Alígera, Fugaz! Sinto o seu beijo póstumo na face! Brisa da Tarde, Vens tangida pelos cabelos soltos...

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