quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Por onde Andei



Desfaz a curva e abre a janela do carro,
é o vento que lhe toca a face e diz do tempo.

É você ainda por baixo de tanto metal.. . é você dentro desse traje.
DIz o vento!

Eu voltei,
e por onde andei não estive completamente só.

Os olhos, o rosto.
A face, o pescoço lânguido.
A ossatura do ombro. .
Tudo aquilo que ninguém vê.

Muito tempo se passou... o mundo girou mil voltas ... e ela chegou a ponte mais uma vez.
O parapeito do mundo... da vida além... e de si .

Era verdade, agora ela tem consigo algo dourado e incrível.
Seu pássaro raro, encantado.
 Que voa lindo , pairando suave e manso pelo ar.
Capaz de lhe adoçar os lábios e lhe curar toda ferida.

Cuidar desse pássaro e sua grande e maravilhosa missão.

Mas ora ou outra, em manhãs feito essa.
De sol e céu azul. É capaz ainda de se surpreender sonhando , com todas aquelas histórias que teceu.
Escorre uma lágrima tímida, resignada.
Existem pessoas que nasceram destinadas a grandes destinos. E justamente para isso lhe é cobrada uma vida abnegada.

É diferente de ser vencida por ela, a vida e seus caminhos.

É preciso , de forma voluntaria, dispor como libação suave deste sonho.
Isto sim tem valor e paz.
MAs de forma plena e verdadeira, ainda não o fez.
Por isso sofre.... vira e mexe , tal sonho, de significados e fitas,
Basta!

Basta!

Isto não é o fim.
*****

Olhando abaixo as ruas vazias, tudo ela pode ver
Sonhos concretizados
Sonhos tornados em realidade

Todos os prédios, todos aqueles carros
Foram um dia somente um sonho
na mente de alguém

Ela pinta o vidro quebrado, pinta a fumaça
Ela pinta uma alma
sem vazamento na junção

Em nenhum lugar dos corredores de pálido verde e cinza
Em nenhuma periferia
Na fria luz do dia

Há em meio a isso tão vivo e tão sozinho
palavras de apoio como essência

Puxando para fora os papéis das gavetas polidas e deslizantes
Arrastando pela escuridão, palavra após palavra

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